Em meio a grandes expectativas, a Samsung anunciou em 2019 o lançamento do primeiro smartphone com tela dobrável, o Galaxy Z Fold. Foi um fracasso retumbante, especialmente porque as telas apresentavam problemas após poucos dias de uso.
Vivaldo José Breternitz (*)
A Samsung rapidamente lançou uma versão melhorada, ao mesmo tempo que algumas de suas rivais, como Huawei, Motorola, Oppo e Xiaomi lançavam suas próprias versões do equipamento.
Apesar de sua fragilidade, preços elevados, e problemas de compatibilidade com alguns aplicativos, esses telefones parecem ter chegado ao mercado para ficar: segundo a consultoria Strategy Analytics, devem ser o segmento que mais crescerá no mercado de celulares premium.
Ao serem desdobradas, as telas grandes desses dispositivos permitem ao usuário uma melhor experiência com aplicativos multimídia ou acessar vários deles ao mesmo tempo, sem perder a portabilidade de um telefone convencional.
Depois de dois anos do fracasso da Samsung, o hardware desses celulares foi aperfeiçoado: as telas são mais resistentes a arranhões e as dobradiças que permitem estender as telas foram reforçadas, a ponto de Oppo e Samsung anunciarem que essas podem suportar mais de 200 mil aberturas e fechamentos do telefone, ou cerca de mais de 100 movimentos desses ao dia durante 5 anos.
Mas ainda há pontos a serem melhorados: em alguns modelos, quando a tela está aberta, aparece na região em que ela se dobra, uma espécie de linha, algo meramente estético, que não afeta o funcionamento do aparelho, mas que os fabricantes pretendem eliminar. Outra melhoria necessária refere-se ao peso dos aparelhos, que às vezes chega perto de 300 gramas, o que torna seu porte incomodo.
Talvez por uma questão de adaptação, muitos dos usuários ainda tem problemas com o uso do equipamento, que não é tão instintivo como nos aparelhos convencionais. Além disso, certas funcionalidades de alguns aplicativos, como Instagram e YouTube, não funcionam plenamente nos dobráveis. Os fabricantes sabem que para o sucesso de seus produtos dependem dos desenvolvedores de aplicativos e de sistemas operacionais, especialmente o Android do Google e o iOS da Apple, e estão atentos a isso.
Outro ponto a ser considerado são os preços, que devem descer a um patamar compatível com os dos smartphones convencionais, para tornar os dobráveis realmente populares. Hoje, a maioria dos usuários são os “early adopters”, os pioneiros que buscam novidades, mas os fabricantes miram nos usuários mais jovens, que realmente ajudam a popularizar qualquer tecnologia de consumo. Estes, no entanto, normalmente não dispõem de recursos para a compra dos dobráveis que hoje estão no mercado.
De qualquer forma, a Strategy Analytics acredita que em 2025 serão vendidos cerca de 100 milhões de dobráveis, que inclusive poderão ter características diferentes do hoje disponíveis.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor de empresas e diretor do Fórum Brasileiro de IoT.