Em 2015 Bill Gates disse que a maior ameaça às vidas humanas nos anos seguintes seria um vírus.
Vivaldo José Breternitz (*)
Disse ele naquela ocasião: “Se alguma coisa matar mais de 10 milhões de pessoas nas próximas décadas, é mais provável que seja um vírus do que uma guerra. Não mísseis, mas micróbios. Parte da razão para que isso aconteça é que investimos milhões em aparatos nucleares. Mas, na verdade, muito pouco foi investido em um sistema para conter uma epidemia”.
E ele estava certo: o número de mortos em todo o mundo já passa de 1,7 milhão, aproximando-se de 320 mil nos Estados Unidos e de 190 mil no Brasil.
Na opinião de Gates, a doença dificilmente será erradicada a curto prazo, apesar de a vacinação estar sendo iniciada. Diz também que os próximos quatro a seis meses podem ser os piores da pandemia, principalmente por conta das celebrações do Natal e Ano Novo, quando há uma tendência à aglomeração de pessoas.
Essa opinião é corroborada por relatório do Health Metrics and Evaluation (IHME), da Universidade de Washington, que projeta mais de 200 mil mortes até o final do primeiro semestre do ano que vem, apenas nos Estados Unidos.
Gates defende que os governos mantenham as medidas de distanciamento social e uso de máscaras, mesmo após a chegada das primeiras vacinas. E isso, em especial, nos países que não terão capacidade de vacinar seus cidadãos de forma rápida.
Outro problema que vem sendo observado é a resistência de muitos à vacinação. Para diminuir essa resistência, ao menos nos Estados Unidos, Gates sugere que ex-presidentes, como Barack Obama, Bill Clinton e George W. Bush – sem contar o atual eleito, Joe Biden – tomem a iniciativa e sejam vacinados publicamente. Gates diz que não pretende furar a fila, mesmo se encaixando no grupo de risco, por ter 65 anos.
Será que nossos presidente e ex-presidentes se disporiam a isso? Ao que parece, nem todos…
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.