173 views 3 mins

As profissionais de tecnologia da informação e o home office

em Tecnologia
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

A participação feminina na área de Tecnologia da Informação no Brasil cresceu 60% entre 2014 e 2019, passando de 27,9 mil para 44,5 mil profissionais, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).

Vivaldo José Breternitz (*)

Apesar disso, as mulheres ainda representam apenas 20% dos profissionais do ramo no país. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação (Brasscom), 21% das áreas de TI no Brasil não têm mulheres.

A Kasperski, grande empresa  especializada na produção de software de segurança para a Internet, encomendou uma pesquisa acerca do trabalho remoto dessas mulheres durante a pandemia, tendo o estudo descoberto que 42,6% das profissionais de TI entrevistadas preferem trabalhar em casa ao invés de irem ao escritório.

A pesquisa mostrou também que elas estão divididas quanto aos benefícios trazidos pelo home office e que a maioria enfrenta tensões adicionais significativas ao trabalhar a partir de casa. Já 48% delas, acreditam que essa situação tem sido útil em termos da promoção da igualdade de gênero no trabalho.

Por outro lado, 40,4% das entrevistadas creem que as circunstâncias impostas pela Covid-19 prejudicaram suas perspectivas de carreira ao invés de melhorá-las, apesar de 45% terem dito que home office oferece mais autonomia no trabalho.

Há uma dificuldade adicional: 46% das inquiridas afirmaram ter dificuldade em conciliar o trabalho com as tarefas domésticas, pois 67,6% delas afirmaram que são as principais responsáveis ​​pelas tarefas do lar.

No que se refere à educação dos filhos, 78% das pesquisadas disseram ser responsáveis ​​pela educação deles em casa. No que se refere à relação com seus parceiros, 46% afirmaram que precisaram fazer ajustes significativos em sua rotina.

Apesar das previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de que as mulheres devem superar os homens em termos de participação na força de trabalho brasileira na próxima década, será difícil que elas sejam maioria na área de TI – 20% ainda é um número muito baixo, o que parece confirmar as dificuldades que mulheres encontram para ingressar e crescer nessa área.

Essas dificuldades, boa parte delas derivadas de preconceitos, devem ser combatidas por todos; empresas, governos e sociedade devem trabalhar pelo aumento da participação feminina nessa área tão importante para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.