“Greenwashing”, neologismo derivado das palavras “green”, verde, e “whitewash”, branquear ou encobrir, é um termo utilizado para indicar o uso de técnicas de “marketing” e relações públicas para expressar uma falsa preocupação de empresas, governos ou pessoas com o meio ambiente.
Vivaldo José Breternitz (*)
Atualmente, as grandes empresas de tecnologia, as Big Tech, estão mostrando preocupações com o meio ambiente. Não sabemos se isso é apenas “greenwashing” ou se a pressão da opinião pública, gerando um movimento que vem sendo chamado “antitech” ou ainda, a real preocupação dos executivos dessas empresas é o que está levando-as a agir assim. De qualquer forma, esse é um bom sinal, pois essas companhias tem dinheiro e poder para influenciarem a tomada de medidas positivas nessa área.
O aspecto mais visível dessa preocupação é o combate aos gases que geram o efeito estufa. Estima-se que desde 1750 a atividade humana liberou mais de 2 trilhões de toneladas desses gases na atmosfera. Mais de três quartos disso é dióxido de carbono, com a maior parte desse material tendo sido emitida a partir de meados da década de 1950.
Isso é mais carbono do que a natureza pode absorver e, todos os anos, a humanidade gera mais 50 bilhões de toneladas métricas adicionais de gases de efeito estufa. Esses gases não são dissipados em anos ou décadas; depois que o excesso de carbono entra na atmosfera, transcorrem milhares de anos até que eles deixem de causar efeitos daninhos.
Dentre as grandes empresas de tecnologia que estão anunciando providências a respeito, destacam-se a Microsoft e a Apple. A primeira delas diz que até 2030 será negativa em carbono, ou seja, executará ações que levarão a uma absorção de carbono maior que o que emitirá e que, até 2050, removerá do ambiente todo o carbono que emitiu diretamente ou por consumo de energia elétrica desde que foi fundada em 1975.
Já a Apple, acaba de anunciar que pretende, também até 2030, fazer com que haja um empate entre suas emissões e absorção de carbono, situação chamada “zero emissões”. Esse empate levará em consideração também as atividades das empresas que fabricam os produtos que levam a marca Apple; a tarefa da empresa é mais difícil que a da Microsoft, por envolver terceiros e um volume maior de operações fabris.
Estima-se que desde 1750 a atividade humana liberou mais de 2 trilhões de toneladas de gases na atmosfera. Mais de três quartos disso é dióxido de carbono, com a maior parte desse material tendo sido emitida a partir de meados da década de 1950.
Essa redução pode ser obtida de diversas maneiras, desde reflorestando áreas devastadas até aperfeiçoando processos industriais, porém as medidas que trarão maior impacto deverão se concentrar nos “data centers” dessas e de outras grandes empresas: cerca de 1% de toda a energia elétrica produzida no mundo vai para essas instalações, sendo utilizada não apenas para fazer as máquinas funcionarem mas também para refrigerá-las; computadores geram muito calor e tem problemas para funcionar em ambientes aquecidos.
Além disso, os “data centers” concentram-se no hemisfério norte, onde parte considerável da energia elétrica é produzida a partir da queima de carvão e petróleo, grandes geradores de gases causadores do efeito estufa.
Nessa área a ideia é tornar o “hardware” e os sistemas de refrigeração mais eficientes, bem como acelerar o uso de energias renováveis, como a solar e a eólica.
Numa escala menor, são desejáveis o aumento do uso de materiais recicláveis na produção de “hardware” e maior conscientização da sociedade a respeito do assunto. Também são importantes providências de empresas como o Facebook no sentido de mitigar a desinformação acerca de mudanças climáticas, pois cientistas estão alertando, há bastante tempo, que se as emissões de gases não forem cortadas pela metade até 2030, os danos à natureza serão trágicos e irreversíveis.
Aos governos, cabe seguir o exemplo da União Europeia, que determinou aos países que a compõem providências para que uma situação de zero emissões seja atingida até 2050.
(*) É Doutor em Ciências pela USP, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.