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A Indústria 4.0 e o movimento da inovação no mercado

em Tecnologia
quarta-feira, 20 de maio de 2020

No século XVIII, o mundo viveu um processo revolucionário no estilo de vida e, atualmente, a Indústria 4.0 traz novos impactos no dia a dia das pessoas

André Barros (*)

Com a Revolução Industrial e a transformação por completo nos processos de manufatura, as pessoas passaram a ter um novo estilo de vida. Agora, produtos e serviços são mais acessíveis, a geração e distribuição de energia é mais ágil e os meios de transporte possuem desempenho superior. As implicações dessa onda de inovação se dão em vertentes variadas, e em parceria com a figura humana, que ainda se mantém como protagonista dessa mudança, proporcionam novas perspectivas para o futuro do planeta.

Sendo assim, este processo foi apenas o start fundamental para que inovações surgissem e impactassem no cotidiano. A recente chegada da internet, por exemplo, democratizou o acesso à informação e o relacionamento entre as pessoas. Com isso, muito se fala sobre a transformação digital no mundo moderno e como esse movimento revolucionará, novamente, a rotina das pessoas. Crescimento econômico, empregos mais qualificados e padrões de vida elevados são algumas consequências.

Nesse contexto, a Indústria 4.0, também conhecida como Quarta Revolução Industrial, surge como um dos aspectos de todas essas mudanças. A indústria se encontra num cenário de transformação, o qual aponta tendências que já vêm sendo observadas, como a geração de energia limpa e novas tecnologias – automação de processos através da robótica, impressão tridimensional, entre outras.

Pensando nisso, levantei quatro assuntos relacionados à Indústria 4.0 que mostram as inovações originadas das transformações vividas nos últimos tempos. Confira!

Impressora 3D
As impressoras 3D são itens altamente tecnológicos. Devido às transformações nas demandas de mercado, os investimentos neste tipo de equipamento aumentaram. A Indústria 4.0 reúne máquinas inteligentes, análise computacional avançada e o trabalho colaborativo. Essa nova revolução permite mudanças completas nas formas como as fábricas funcionam nos dias de hoje.

Por isso, um dos maiores atrativos desta nova realidade são as próprias impressoras 3D. De acordo com a consultoria americana Markets and Markets, até 2023 o mercado de impressoras 3D deve movimentar cerca de US$ 32,78 bilhões. Nesse sentido, o principal interesse nas máquinas vem das indústrias, líderes de aquisição dos equipamentos.

Isso acontece uma vez que a impressão 3D apresenta vantagens claras, como a padronização em massa dos produtos. Com ela, as empresas podem pensar em estratégias que pareciam, até então, impossíveis, como a personalização em massa: agora, um fabricante de roupas, por exemplo, consegue vender um produto com as medidas exatas do consumidor. Já existem lojas que imprimem peças de vestuário sob medida em questão de minutos.

O que falta para as impressoras 3D se estabelecerem como produtos consolidados no mercado? Para se obter respostas concretas, é necessário considerar alguns fatores determinantes. A velocidade dos processos, por exemplo, fora um grande obstáculo até anos atrás. Hoje, dependendo da subjetividade do quadro aplicado, estima-se a diminuição de horas para minutos em relação à conclusão da impressão. A qualidade e falta de precisão para designs complexos também pesaram contra em um passado recente, atualmente, a melhoria dos softwares 3D recolocou a ferramenta como uma alternativa absoluta.

Automação robótica de processos
O RPA, Robotic Process Automation, ou Automação Robótica de Processos, apresenta vantagens direcionadas à potencialização do trabalho humano, eliminando a realização de tarefas repetitivas. Essa tecnologia pode ser aplicada em diversas áreas, como contabilidade e agronegócios, e os resultados aparecem rapidamente.

Para se ter uma ideia, segundo uma pesquisa realizada pelo Gartner, o setor financeiro chega a economizar 25 mil horas de trabalho com o RPA, por conta da eliminação de retrabalho ocasionado por erro humano. Em contrapartida, com a máquina encarregada de lidar com atividades exaustivas e repletas de repetição, as equipes poderão centralizar suas atenções em tarefas mais complexas, que exigem certo nível estratégico de planejamento e prática. O resultado é a diminuição em massa de falhas críticas e a otimização do modelo de gestão operacional.

Energia limpa
A Segunda Revolução Industrial teve início na metade do século XIX e foi a responsável por mudar por completo os processos de recebimento de energia. Desde então, muitos aspectos mudaram e com o advento da Quarta Revolução Industrial não poderia ser diferente. A Indústria 4.0 impactaria de alguma forma no mercado de energia?

Agora, a tendência que podemos observar com esse movimento está relacionada a uma mentalidade mais sustentável e ambientalista. Para isso, tecnologias como a Internet da Coisas (IoT) já vem sendo utilizadas, proporcionando uma redução do impacto ambiental, aumento na qualidade do ambiente de trabalho, maiores capacidades de produção e estratégias mais competitivas.

Essa mudança de mentalidade espalhou-se pela sociedade como um todo e fica sob a responsabilidade das empresas a missão de corresponder aos anseios do público nesse sentido. A integração de diferentes fontes de geração de energia só pode ser alcançada com o auxílio pontual de tecnologias de gestão capazes de assegurar um consumo sustentável de energia. Trata-se de um futuro incontestável.

Blockchain
Interligar aplicações em qualquer parte do mundo se tornou algo comum. Com a tecnologia blockchain foi possível viabilizar, com alta segurança, transações financeiras, informações compartilhadas entre nacionalidades, elaboração de documentos, entre outras operações.

Grupos como BRF e Carrefour já utilizam esse processo para rastrear seus produtos. Dessa vez, o objetivo é direcionar novas informações ao consumidor, pontuando a procedência dos alimentos em todas as etapas – produtiva, comercial e logística. No Brasil, as empresas também já começaram a investir, como é o caso da AES Tietê, que deve destinar cerca de R$ 3,4 milhões para o desenvolvimento de um balcão organizado em blockchain para comercialização de energia.

Em tempos os quais as informações obtidas, manipuladas e armazenadas necessitam de uma abordagem sólida, soluções como o blockchain não só proporcionam mais segurança, como confirmam a confiabilidade dos dados trabalhados. Aos que buscam agregar valor ao negócio e aprimorar setores de tomada de decisão, trata-se de uma opção altamente recomendável.

Deste modo, encerro o artigo pontuando que é necessário investir para não ficar atrás da inovação. Muito além disso: é preciso entender o mercado e os consumidores, se adaptando a cada nova demanda. Afinal, as revoluções na indústria possuem o objetivo de aumentar a eficiência e a competitividade da operação.

Então, seus processos já foram modernizados?

(*) É CEO da eCOMEX – NSI. O executivo possui mais de 20 anos de experiência no segmento de Comércio Exterior. Possui vasta experiência no desenvolvimento e entrega de novos produtos e serviços e na transformação e gestão de negócios.