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A Enciclopédia Britânica, um caso de sucesso

em Tecnologia
segunda-feira, 06 de janeiro de 2025

A Enciclopédia Britannica, conhecida hoje como Britannica Group, é um dos raros casos de empresas do setor de conhecimento que passaram incólumes pelo advento da internet.

Vivaldo José Breternitz (*)

Não apenas em função da internet, mas também devido à recente ascensão da inteligência artificial, a empresa tem passado por profundas modificações, com sucesso: estima-se que em 2024 a Britannica tenha gerado uma receita de cerca de 119,4 milhões de dólares, um crescimento considerável em relação aos anos anteriores – em 2022, a receita foi de cerca de 100 milhões de dólares. Essas receitas tem gerado margens de lucro bastante interessantes.

A primeira edição da Enciclopédia Britannica data de 1768. A última em formato impresso, tinha 32 volumes, que pesavam 58,5 quilos, foi publicada em 2010 e custava cerca de 1.400 dólares.

O modelo de negócios tradicional da Britannica foi abalado pela internet e, em particular, pelo surgimento da Wikipédia, uma enciclopédia online gratuita e aberta, que conta com a colaboração não remunerada de milhares de editores ativos espalhados pelo mundo.

A transição do formato impresso para o digital foi crítico para a Britannica; depois de 2010, passou a ser publicada na forma de CD-ROM e desde 2016 está disponível apenas online, com a empresa passando a concentrar-se em produtos e serviços digitais.

O site da Britannica, lançado em 1999, tem sete bilhões de visualizações por ano, enquanto a versão digital completa da enciclopédia é acessível apenas por meio de assinatura. Essa estratégia permitiu atualizações contínuas e conteúdos sempre atuais e relevantes.

Além disso, o Britannica Group desenvolve aplicativos educacionais para atingir um público mais amplo e atender à crescente demanda por recursos para o aprendizado digital.

A empresa experimenta a inteligência artificial há vários anos e realizou importantes investimentos nessa área, que lhe permitiram desenvolver um chatbot que extrai das fontes online da enciclopédia respostas aos usuários em busca de informações. Ao restringir-se a essas fontes, a Britannica diminui muito a possibilidade de fornecer informações incorretas.

Há pelo menos dois anos, a Britannica está trabalhando na abertura de seu capital, falando-se numa valoração de cerca de um bilhão de dólares. O atual proprietário da empresa é o financista suíço Jacob E. Safra, que adquiriu a editora em 1995.

Na atualidade, a Enciclopédia Britannica é um exemplo de como as fontes respeitadas ainda têm valor numa era de inteligência artificial e de redes sociais, que fornecem informações rapidamente, embora nem sempre corretas.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].