Sustentabilidade é a palavra de ordem de um país que exporta 95% do que produz.
Redação JEN
Coração da Europa, a Bélgica é sede da União Europeia e, também, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o que lhe confere um status único. O pequeno país (de 30.000 km2, pouco maior que o estado do Sergipe, e com população de 12 milhões de habitantes, equivalente à cidade de São Paulo) tem importância ímpar, com o desenvolvimento de altas tecnologias e renda per capita próxima dos US$ 50 mil. É de lá que vem uma Missão Comercial, liderada pela princesa Astrid, para tratar de negócios nos setores agroalimentar, bebidas, farmacêutico, aeronáutico, de engenharia e logística, entre outros. O grupo, de 400 diplomatas e empresários, ficará no Brasil até 1ª de dezembro.
Brasil e Bélgica têm muito mais coisas em comum que serem banhados pelo Oceano Atlântico. A distância física, de 9 mil km, é nada se comparada aos laços históricos. Durante o período que Portugal esteve anexado à Espanha, no século XVII, o espanhol Felipe II foi o rei comum dos brasileiros e belgas… e a independência do Brasil (1822) e da Bélgica (1830) ocorreram quase que simultaneamente. Lutando do mesmo lado na Primeira e Segunda Guerras Mundiais, os países fixaram compromissos culturais e comerciais a partir de 1920, com a visita do rei Alberto I a estas terras tropicais. Foi a primeira visita de um chefe de estado estrangeiro que o Brasil recebeu na história. Depois disso, algumas empresas belgas se interessaram por esta Nação ainda em formação. A Companhia Belgo-Mineira (de 1921) é um dos empreendimentos pioneiros na própria siderurgia brasileira, por exemplo.
Além da AB Inbev (para nós, mais conhecida como Ambev), muitas outras empresas têm afinidades de negócios. Entretanto, o laço pode ser ainda mais estreito. Na pré-pandemia, a balança comercial (favorável aso Brasil) era de US$ 5 BI e é justamente para melhorar o fluxo de negócios que a Missão Comercial estará visitando empresas, conversando com seus pares empresariais e dirigentes de federações nos próximos dias, focando os estados de São Paulo e do Rio. O investimento da Rhodia Solvay (tradicional indústria química), que será anunciado durante a visita, deverá ser auspicioso.
Uma visita à Embraer, em São José dos Campos/SP, pela Missão Comercial, deverá aumentar a parceria com a belga Sonaca, fabricante de componentes aeronáuticos. Focados em sustentabilidade, todos os representantes de Bruxelas, Flandres e Valônia (as três regiões que compõem o país, com predominância dos idiomas, neerlandês, francês e alemão) estarão atentos a oportunidades.
Além do alimentar, químico, farmacêutico (sobretudo vacinas) e aeronáutico, os belgas tratarão com os setores de bioeconomia, plásticos, portos, construções, logística, infraestrutura, automação industrial, TI e serviços, como intechs e startups e produção de games. A Oncidium Foundation também estará representada trazendo soluções de financiamento a pessoas carentes que necessitam de tratamentos oncológicos. Ao lado dos colegas da Quantoon, haverá reuniões com dirigentes da Fiocruz, no Rio.
Em 2020, a Bélgica foi o quarto maior investidor direto no Brasil e em 2021 foi o sexto. Mas não é só a turma do Tintim e Milu que faz negócios no exterior. Os patrícios da Turma da Mônica também buscam a contrapartida, investindo na terra dos smurfs. São eles a Stefanini, Biorigin, Citrosuco, Portobello, JBS e a WEG. Enfim, como define Valentine Mangez, cônsul geral que nos recepcionou em São Paulo, o Brasil e a Bélgica têm bastante desafios pela frente, sobretudo o de buscarem a sustentabilidade em todos os setores, mas as oportunidades são igualmente visíveis.