Os bispos que participam do Sínodo da Amazônia, no Vaticano, exortaram a Igreja Católica a “denunciar as distorções de modelos extrativistas predatórios, ilegais e violentos”. É o que diz um resumo das discussões de ontem (8), divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé. Os trechos revelados confirmam que a assembleia episcopal não se limitará a debater temas religiosos e deve produzir um contundente discurso em defesa do meio ambiente e da Terra.
“A Igreja foi exortada a denunciar as distorções de modelos extrativistas predatórios, ilegais e violentos e a apoiar normativas internacionais que tutelam os direitos humanos, sociais e ambientais, porque o grito de dor da terra destruída é o mesmo dos povos que a habitam”, diz o comunicado da Santa Sé. Os bispos também denunciaram que a devastação da Amazônia está ligada a “legislações ambientais frágeis e que não protegem as riquezas e belezas naturais do território”.
O Sínodo também discutiu uma proposta para criar uma ordenação diaconal para mulheres na Amazônia, “valorizando sua vocação eclesiástica”. A Igreja enfrenta uma carência de padres na região – onde há uma forte presença de denominações pentecostais – e busca formas de garantir que os católicos tenham pleno acesso aos sacramentos. Uma das soluções discutidas seria a ordenação de homens casados como padres – preferivelmente indígenas -, mas essa ideia encontra oposição no clero.
“Reiterando que o celibato é um grande presente do Espírito Santo à Igreja, alguns padres sinodais pediram que se pense na consagração sacerdotal de homens casados, os chamados ‘viri probati’. Para outros, no entanto, tal proposta poderia levar o sacerdote a ser um simples funcionário da missa, e não um pastor da comunidade, um mestre da vida cristã”, diz o relatório diário do Sínodo (ANSA).