Uranio Bonoldi (*)
É cada vez mais certo que a pandemia terá duração mais longa do que esperávamos e mais impacto do que imaginávamos. Mas e se houver esperança de uma influência positiva na geração da pandemia? As diferenças geracionais são tipicamente baseadas em grupos de pessoas que amadurecem em meio a condições comuns que moldam suas percepções de si mesmas e suas opiniões sobre o mundo ao seu redor.
Os principais eventos históricos e tendências sociais têm influência significativa sobre como eles pensam, se comportam e dão sentido ao mundo. Aqui estão as previsões otimistas para uma geração de possibilidades:
. Consideração pelos outros – Esta geração foi condicionada a considerar seu efeito sobre os outros. Por causa da potencial propagação e transmissão do vírus, há notícias diárias sobre os efeitos de nossas ações sobre os outros – desde coisas básicas, como respirar, até atividades comuns, como fazer compras no mercado. Todas as nossas atividades afetam aqueles que nos rodeiam. Talvez esta geração aprenda a ser especialmente compassiva, reconhecendo seu impacto e particularmente seu papel na comunidade.
. Valorizar relacionamentos – Muitos passaram uma quantidade significativa de tempo isolado com a família. Esta pode ser a geração que aprecia especialmente os relacionamentos e têm laços mais fortes com os outros. Já os que passaram tempo longe de familiares e amigos, podem aprender a valorizar as conexões se esforçando para manter contato e encontrar tempo para visitas no futuro.
. Desacelerar – A cultura da agitação e da velocidade estava no auge quando a pandemia começou. Agora, há menos coisas para fazer, menos lugares para ir e uma redução geral do ritmo. Muitos jovens celebraram o aniversário em casa, em vez de eventos elaborados. Esta pode ser uma geração que gasta sua energia em coisas que são pequenas e significativas, em vez de mais extravagantes. Talvez esse grupo possa ser mais consciente, mais intencional e mais presente no dia a dia.
. Novas formas de comunicação – Ao reduzir as conexões pessoais, a pandemia exigiu um aumento em outros tipos de comunicação – de videoconferência a ligações por celular. Essas formas de conexão exigem novas habilidades em ouvir o tom de voz, observar as microexpressões e perceber pistas não-verbais por meio de telas ou de distâncias maiores. Esta geração pode desenvolver seus músculos de comunicação prestando atenção às necessidades dos outros e encontrando novas maneiras de fazer conexões humanas reais.
. Inovação – Das maiores barreiras surgem as inovações mais inspiradoras. Sem limitações, é fácil continuar fazendo as coisas da mesma maneira, mas a pandemia impôs algumas restrições significativas para fazer as coisas normalmente. Esta pode ser a geração que encontra novas maneiras de fazer as coisas, novas abordagens para problemas ou respostas inesperadas para questões não resolvidas.
(*) – Palestrante e escritor, é professor para turmas de MBA na Fundação Dom Cabral, ministrando aulas para executivos sobre poder e tomada de decisão (www.uraniobonoldi.com.br).