Alessandro Saade (*)
O Brasil é um país empreendedor por essência!
Historicamente o avanço do empreendedorismo apresenta-se como mola propulsora da economia de qualquer país e no Brasil não seria diferente. Ou seria?
Na verdade somos um pouco diferentes dos outros países! O “jeitinho brasileiro” é a grande vedete, como sendo uma habilidade de rápida adequação às constantes mudanças do nosso mercado interno. Mas também torna-se a vilã, quando nos cega, impedindo-nos de desenvolvermos uma estratégia planejada de longo prazo. A malfadada herança latina….
Independente disso, somos muito criativos e dispomos das ferramentas necessárias para o sucesso. Pena que muitas vezes esquecemos de usá-las… Lembre-se que a possibilidade de sucesso do pequeno empreendedor sem estratégia diminui à medida em que nosso mercado torna-se maior e mais competitivo.
Essa talvez seja a principal razão que leve nossos bravos empreendedores a desenvolverem planos de negócios antes do início das atividades. E antes de qualquer desembolso. É sempre bom lembrar que uma grande parcela dos empreendedores brasileiros empreendem por falta de opção, após atingirem uma determinada idade e não mais encontrarem opções no mercado de trabalho.
Hoje ocupamos o sétimo lugar no ranking dos empreendedores, mas se prestarmos atenção a alguns pontos, poderemos ganhar algumas posições nesse ranking.
Se você já abriu ou está pensando em abrir um negócio próprio, não deixe de levar em consideração os P’s do empreendedor:
PERÍCIA: Saiba o que e como fazer.
Você tem experiências anteriores como empreendedor? Já gerenciou pessoas? Sabe delegar? É importante saber pensar estrategicamente além de ser somente um grande executor. As duas habilidades são muito valiosas, mas sozinhas, sobrevivem por muito pouco tempo.
PLANEJAMENTO: tenha sempre um plano de ação.
Simule cenários otimistas e pessimistas. Conheça o mercado onde está entrando, seus concorrentes, quantas lojas existem na região onde atuará, etc… Verifique todos os recursos disponíveis: dinheiro, pessoas, conhecimento, tempo, relacionamento, etc… Dinheiro não é a única variável importante.
Faça o seguinte exercício: responda por que os consumidores migrariam da loja onde compram hoje para a sua loja.
PRUDÊNCIA: Espere pela hora certa de entrar no mercado.
Muitas vezes somos obrigados a interromper um projeto em virtude de mudanças conjunturais como política ou economia que oscilaram demasiadamente. Espere. Talvez seja necessário até redesenhar o negócio para que volte a ser viável.
Tente saber se esse segmento existe em outros estados ou países. Levante informações como quanto tempo durou, se ainda existe, se evoluiu para outro tipo de negócio. Existe alguma grande empresa que ainda não está neste mercado? Cuidado, pois ao entrar ela pode eliminar várias empresas de menor porte, inclusive a sua.
PACIÊNCIA: Todo negócio tem seu prazo de maturação. Aceite e respeite isso.
Seja paciente. Aliás, os orientais consideram a paciência a maior das virtudes.
Pesquise quanto tempo as empresas já estabelecidas no mercado demoraram para decolar e quais os principais obstáculos. Assim você pode evitá-los.
Não seja ansioso. A ansiedade está relacionada com insegurança e se o seu plano de negócios está bem feito, não tem razão para isso.
PERSEVERANÇA: Insista e persevere. Seja determinado.
Nenhum negócio termina na primeira venda mal feita. Muitas vezes nos desiludimos por um grande negócio que não fechamos ou pela demora na construção de uma sólida carteira de clientes. Se serve de consolo, para ser sólida, a carteira deve ser construída cuidadosamente, para que não venha a ruir com a empresa a pleno vapor. Nada acontece em menos de um ano. Assim, esteja preparado para se motivar por longos 365 dias, pelo menos.
Atenção, determinação e informação. Bom trabalho e bons negócios.
(*) É Fundador dos Empreendedores Compulsivos, é também executivo, autor, professor, palestrante e mentor. Possui mais de 30 anos de experiência atuando com grandes empresas e startups brasileiras, tornando-se referência no universo do empreendedorismo no Brasil. Formado em Administração pela UVV-ES, com MBA em Marketing pela ESPM e mestrado em Comunicação e Mercados pela Cásper Líbero, especializou-se em Empreendedorismo pela Babson College e em Inovação por Berkeley. Atualmente é Superintendente Executivo do ESPRO, instituição sem fins lucrativos que há 40 anos oferece aos jovens brasileiros a formação para inserção no Mundo do Trabalho.