Alessandro Saade (*)
Como executivo e palestrante, passo grande parte do ano hospedado em hotéis dos mais diversos perfis… Hotéis de redes multinacionais e nacionais, hotéis grandes e pequenos, urbanos e de campo, resorts e de negócios. E rodo muito: Brasília, Curitiba, Recife, Goiânia, Porto Alegre, Salvador, Joinville, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Florianópolis e muitas outras. Além das cidades do interior e do litoral do estado de São Paulo, como Campinas, Santos, Ribeirão Preto, Rio Claro, São José do Rio Preto…
Fiz esta longa lista para dar credibilidade e embasamento à tese que vou compartilhar com vocês. Em todos os hotéis em que me hospedo, sem exceção, encontro no banheiro do quarto um comunicado com um texto mais ou menos assim:
“Prezado hóspede, ajude-nos a preservar o bem mais valioso do nosso planeta. Reutilizando suas toalhas, você contribui com a economia de muitos litros de água, utilizados na lavagem diária destes itens. Caso opte por reutilizar as toalhas, favor deixá-las penduradas. Caso queira que sejam substituídas, favor deixá-las no chão.”
Faz todo o sentido, até porque nem em nossas casas lavamos as toalhas diariamente.
Assim, invariavelmente, deixo a minha toalha pendurada, bonitinha, me esperando para a volta do trabalho, no final do dia. E qual não é minha surpresa (pelo menos no começo era), ao encontrar uma nova toalha, dobradinha, imaculada, pronta para ser usada pela primeira vez?…
Mas eu fiz tudo direitinho! Por que então a toalha foi trocada? A camareira não foi avisada? Lobby das lavanderias terceirizadas que cuidam dos enxovais dos hotéis? Conspiração internacional para acabar com a água do Brasil? Abdução das toalhas usadas? Pois pensei nas mais diversas teorias, das mais simples às mais absurdas, e cheguei a uma única conclusão: Engajamento.
Isso mesmo. Engajamento. Cada colaborador da empresa tem que estar consciente e engajado. Neste caso, camareira, equipe de governança e demais colaboradores do hotel. Todos devem ter conhecimento da causa, da sua relevância, e da importância da participação deles. Sem isso, nada funciona. Sem o que chamamos de senso de pertencimento, ele não se mobiliza, não colabora, não soma.
E aqui vale destacar que este é um exemplo bem peculiar, porque conseguimos perceber diretamente, que os motivos são claramente ambientais e financeiros. Dependendo do hotel muda a ordem, mas com certeza, estes dois pontos são impactados com mais intensidade.
O primeiro, ambiental, é mais explícito, mais fácil de conversar e engajar o hóspede, de gerar uma imagem positiva do seu hotel. Já o segundo, financeiro, é bem silencioso, mas extremamente importante. Acredito que pode-se economizar próximo de 20% com as despesas para se lavar as toalhas deixadas penduradas e recolhidas para lavar desnecessariamente. Não é um percentual pequeno.
Então, se o colaborador não entende ou não se interessa, não vai seguir o processo de não trocar a toalha pendurada, gerando economia para o hotel e benefício para o planeta.
E isso vale para qualquer segmento da economia ou tipo de negócios: sem engajamento não vão oferecer a promoção ao cliente, não vão explicar o benefício da compra da peça mais cara, não vão informar os diferenciais do produto, muito menos vão se empenhar em manter o cliente feliz.
Pense nisso com carinho. Quanto mais coeso e informado estiver o seu time, mais chance de gerar a sinergia que faz toda a diferença nas empresas.
Guardar o cupom fiscal para uma prestação de contas impecável, usar a melhor rota logística para economizar combustível com as entregas, evitar desperdício com impressões desnecessárias. Cada pequena ação contribui com a agenda ESG. E com o tempo, fará toda a diferença nos seus resultados, na sua imagem e no clima da empresa.
Busque sempre engajá-los: mantenha-os informados, comunique claramente porque esta iniciativa é importante para a empresa e que a participação dele é essencial para o sucesso da atividade e do negócio.
E retorne periodicamente, compartilhando com eles os resultados, positivos e negativos, para que possam comemorar a evolução ou corrigir os detalhes para alcançarem os objetivos.
Entendo que em tempos de pós-pandemia as relações entre empresas e colaboradores estão sendo redesenhadas, que neste momento o cuidado com o clima organizacional é ainda mais necessário e complexo, mas somente assim se consegue garantir a evolução e perpetuação da empresa e o cuidado e crescimento de todos os seus colaboradores.
(*) É Fundador dos Empreendedores Compulsivos, é também executivo, autor, professor, palestrante e mentor. Possui mais de 30 anos de experiência atuando com grandes empresas e startups brasileiras, tornando-se referência no universo do empreendedorismo no Brasil. Formado em Administração pela UVV-ES, com MBA em Marketing pela ESPM e mestrado em Comunicação e Mercados pela Cásper Líbero, especializou-se em Empreendedorismo pela Babson College e em Inovação por Berkeley. Atualmente é Superintendente Executivo do ESPRO, instituição sem fins lucrativos que há 40 anos oferece aos jovens brasileiros a formação para inserção no Mundo do Trabalho.