Por Augusto Roque e Rogério Amado
Entre dezenas de definições sobre liderança, dizer que líder é aquele que conhece o caminho e possui a capacidade de influenciar e conduzir as pessoas numa direção, parece-nos ser uma boa forma de definir o papel de alguém que ocupa tal posição. Não bastante, olhando para o dia-a-dia de todos nós, exemplos não faltariam para validar tal afirmação. Um pai por exemplo, ao conduzir seu filho na direção esperada, atuou como líder. Uma médica, ao prescrever um medicamento e convencer o paciente a fazer uso de tal remédio, usou de sua liderança para. Assim como, um agente de trânsito ao organizar a passagem dos carros e pedestres por um cruzamento sem semáforo, também foi líder.
Note que, seguindo essa lógica, é possível citar inúmeros exemplos onde a presença do líder é facilmente identificada, inclusive dentro de todos os setores ou departamentos das organizações. Portanto, sabendo que os líderes estão por todos os lados, a grande questão deixa de ser a sua presença, afinal esses estão lá, e passa a ser o posicionamento desses líderes diante dos seus liderados.
Retomando aos personagens citados, um pai sem argumentos pode até se impor e obrigar seu filho realizar alguma tarefa, mas provavelmente seu filho não compreenderá a importância daquele feito, e no futuro, aquela mesma tarefa precisará ser cobrada pelo pai. Do mesmo modo, não é raro encontrar nas organizações, gestores criando relacionamentos hostis, e através de ações pouco colaborativas e tratativas interpessoais inadequadas, ao invés de unir e aproximar as pessoas na sua equipe, distanciam-se.
A liderança é tóxica quando pautada pelo medo, imposição, grito, desdenho e tantas outras formas de opressão e esse modelo causa traumas, por isso, não cabe mais nos dias de hoje. Pessoas geridas por líderes tóxicos vão embora, ou adoecem. E você, que tipo de sensação ou sentimento tem espalhado por onde passa? Seus colaboradores diriam que você cria traumas ou deixa legado? Liderança tóxica não deixa legado, cria traumas.
Sabemos que colaborador feliz traz mais resultados para a empresa. Desta forma, para minimizar o impacto de uma liderança tóxica, entra em cena um novo modelo de gestão de pessoas, o Employee Experience (ou em uma tradução livre: Experiência do Colaborador). Neste modelo, devemos pensar como a nossa gestão pode gerar a melhor experiência para o funcionário de modo a gerar o seu engajamento.
Obviamente, são diversas as experiências que um colaborador passa durante a sua estadia na organização: boas, ruins, inesquecíveis… mas como realizar isso com todas as experiências de um funcionário por meio da sua conexão com a organização – todas as interações do colaborador, desde o primeiro contato como um candidato potencial, até o fim do vínculo de trabalho com a empresa? No contexto corporativo, o Employee Experience abrange iniciativas inovadoras que visam uma melhoria gradativa no clima organizacional. De acordo com a Deloitte (2019), cada vez mais os empregadores devem providenciar desenvolvimento mais rápido, movimentar as pessoas mais regularmente, promover ciclos contínuos de promoção e fornecer mais ferramentas aos funcionários, para que eles gerenciem suas carreiras. Cabe então ao RH entender que as pessoas querem ter experiências positivas e se sentir bem no seu trabalho.
Quando feita de maneira estratégica, a implementação de um modelo de gestão de pessoas baseado em Employee Experience confere um valor agregado maior para a retenção de talentos — e também a atração deles. Isso porque ajuda a empresa a reforçar sua imagem positiva da empresa no mercado, despertando o interesse de profissionais que buscam essa valorização.
Colaboradores que não se sentem bem onde estão, que não gostam das tarefas que desempenham ou que não se relacionam bem com os demais colegas de trabalho, tendem a manter seus níveis de produtividade cada vez mais baixos.
Através de um modelo de Employee Experience otimizado e de qualidade, o departamento de RH é capaz de engajar o colaborador de forma que ele produza mais e com maior qualidade. Assim, quando há uma comunhão entre o pensamento estratégico da área com a inspiração propagada pela liderança, percebemos que as empresas viram modelos e os líderes, respeitados. Líderes livres de toxinas aproximam as pessoas, e o melhor de tudo, deixam um legado.
Até a próxima!
Augusto Roque – É Membro dos Empreendedores Compulsivos, Diretor da Curso e Percurso, especialista em Propósito, Felicidade, RH 4.0 e Empreendedorismo, com mais de 20 anos de experiência como executivo, palestrante, professor e consultor. Tem Mestrado em Bem-Estar e Inovação pela FEI-SP e é bacharel em Administração pela FEI-SP.
Rogério Amado – Diretor da Amado Consultoria & Treinamento, especialista em Recursos Humanos, Liderança Disruptiva e Gestão Tóxica. Tem mestrado em Políticas Públicas, pós-graduação em Educação, graduado em Recursos Humanos e licenciatura em Matemática. Saiba mais em compulsivos.org ou pelo email: [email protected]