Alessandro Saade (*)
Nesta semana Novak Djokovic sagrou-se campeão em Roland Garros. Um gênio nas quadras!
Para mantermos o radar ligado, decidi resgatar um artigo que escrevi quando o mesmo tenista foi deportado da Austrália e impedido de competir, por se recusar a tomar a vacina contra o Covid19, movimento que ainda persiste mundialmente, reduzindo a cobertura vacinal de diversas doenças, já erradicadas.
Em outubro de 2021, em parceria com a Unesco e com o Nexo Jornal, o Consulado da França em São Paulo promoveu uma conferência virtual com o professor e historiador da Universidade de Bourgogne Laurent-Henri Vignaud, que versou, com base em sua pesquisa, sobre o movimento antivacina mundial.
Em seu livro, “Antivax: Resistência às vacinas, do século 18 aos Nossos Dias”, Vignaud traz uma reflexão sobre os dados da sua pesquisa e conclui que a resistência à vacinação é um fato antigo e recorrente, com adeptos tanto da esquerda quanto da direita – sempre nas extremidades desses setores. Também informa que não está ligado à falta de acesso à informação ou à educação, mas sim ao excesso de informação e à dificuldade de saber em que acreditar.
Diz ainda que os argumentos e os perfis são muito diversos, passando por questionamento sobre a qualidade das vacinas até por motivos religiosos ou alternativos e naturalistas.
Recomendo a leitura da entrevista completa concedida pelo historiador ao Nexo (neste link) que tem total convergência com minhas crenças:
a ciência deve ser respeitada e a informação, sem habilidade de digeri-la ou criticá-la, é também uma crescente pandemia.
Outro ponto importante é o direito à liberdade. Em janeiro de 2022, o mundo assistiu perplexo a um ídolo mundial e monstro das quadras, o tenista Novak Djokovic, ser deportado e perder o direito de participar do Aberto da Austrália.
Sou fã dele dentro das quadras. E continuarei sendo. Mas ele perdeu pontos – comigo e com muitos fãs –, além de ter deixado passar uma grande oportunidade de dar um exemplo valioso para o mundo. Se envolveu num enredo de documentos incompletos, declarações desencontradas e o entendimento que teria direitos diferentes das outras pessoas. Idas e vindas, declarações e audiências, processos e mandatos foram as armas de uma batalha desnecessária.
E a França já informou que, sem vacina, ele não poderá entrar no país nem participar do emblemático campeonato de Roland Garros.
Em artigo da mesma época, Andrei Kampf, com uma rápida, mas objetiva análise do caso Djokovic, que, entre outras coisas, afirma que “O direito à liberdade – por mais inegociável que seja – tem limites porque é universal, ou seja, de todos! Todos têm o mesmo direito e daí surgem as limitações estabelecidas pelo poder para garantir ou limitar essas liberdades.”
No fim das contas, ficamos com a reflexão mais simples e objetiva: para viver em comunidade, em sociedade – seja uma família, uma empresa, um condomínio, um bairro, uma cidade, um país ou mesmo o mundo – é preciso bom senso, empatia, tolerância, educação e coerência, atributos cada dia mais escassos em nosso planeta.
(*) É Fundador dos Empreendedores Compulsivos, é também executivo, autor, professor, palestrante e mentor. Possui mais de 30 anos de experiência atuando com grandes empresas e startups brasileiras, tornando-se referência no universo do empreendedorismo no Brasil. Formado em Administração pela UVV-ES, com MBA em Marketing pela ESPM e mestrado em Comunicação e Mercados pela Cásper Líbero, especializou-se em Empreendedorismo pela Babson College e em Inovação por Berkeley. Atualmente é Superintendente Executivo do ESPRO, instituição sem fins lucrativos que há 40 anos oferece aos jovens brasileiros a formação para inserção no Mundo do Trabalho.