“Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido”.
Charles Chaplin
em O Grande Ditador
Filmes que abordam a temática da caminhada da revolução industrial, entre eles Tempos Modernos, de Charles Chaplin, já mostravam a relação truculenta entre chefetes (verdadeiros capatazes) e os subordinados. O funcionário deveria apenas “funcionar”; tinha apenas que se subordinar às determinações e pronto. A tarefa de pensar era de quem estava na parte mais alta da escala hierárquica. Depois de passarmos pela fase do uso do tear mecânico (na Inglaterra, com o aperfeiçoamento das máquinas a vapor), entrarmos no uso do aço, energia elétrica e derivados do petróleo (Itália, França, Rússia e Alemanha; o Brasil apenas no início do século 20) e cairmos nas inovações do código morse, telex, telefone, fax, computador, internet, mídias sociais, não é raro encontrarmos nas corporações, sejam elas fabris, comerciais ou de serviços, posturas que remetem a um passado sem questionamentos.
É Jornalista, professor universitário e sócio da Virtual Comunicação, que atua no universo corporativo. Realiza palestras customizadas a partir das demandas internas e com o uso de músicas. ([email protected] – www.virtualcomunicacao.net)
Por mais que os historiadores já se preocupem com os temas que abordam mudanças e evolução do fordismo ou toyotismo, processos novos de gerenciamento de tempo, recursos e pessoas, a linha-mestra de quem detém a voz de comando em muitas empresas ainda segue rotinas ultrapassadas. Vivemos a chamada era do conhecimento, mas nem todos os empregadores tem a visão de que, para funcionar, o funcionário ou colaborador pode e deve estar em sintonia participativa e reflexiva nos processos em que está inserido. Ele tem condições de interferir positivamente na produção fazendo uso da própria experiência, bom senso e conhecimento adquirido.
São vários os caminhos para se chegar a um nível de excelência na relação colaborador/corporação. Um deles pode estar associado à compreensão da origem destas duas palavras: colaborar vem do latim collaborare , que significa “trabalhar com” e corporação remonta ao latim corporis e actio; “corpo e ação”. Claro que, neste caso, é dispensável dizer que a mente está dentro do corpo com tudo de etéreo e imaginação que ela pode nos proporcionar. E é exatamente neste ponto que encontramos terreno fértil para a inserção de inúmeras ações e reflexões de vida no interior das empresas, que podem ajudar nas relações interpessoais, ambiente, e, muitíssimo, durante o processo produtivo.
Vez por outra, a palavra de ordem dentro de algumas corporações é apenas treinamento, que pode ser específico ou generalizado com doses de relaxamento ao final. Entende-se; afinal é demanda necessária para atender a elaboração de um produto ou atendimento para uma prestação de serviço e ajuste mínimo de clima. É necessário, mas pode vir também com doses de reflexões. Algumas propostas que envolvem palestras, teatralizações e músicas customizadas são sempre muito bem-vindas. Mas é preciso muito mais neste cipoal de necessidades. Afinal, como o próprio gênio do cinema mudo preconizava em sua obra-referência de crítica à segunda Guerra Mundial, O Grande Ditador: “não sois máquina; homens é que sois”. E com razão, afinal, a máquina não pensa e repete ações; ela simplesmente obedece. O ser humano reflete sobre as ações e é capaz de fazer e construir sempre um mundo melhor. É um outro nível de obediência.
Temos a estreia de Eduardo Borga discorrendo de forma muito sóbria sobre liderança, como o funcionário pode funcionar melhor, e depois de percorrer a história, finaliza o artigo instigando a refletirmos sobre níveis de obediência. Participe de nossa coluna escrevendo para o e-mail: [email protected].
Rebeca Toyama
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