André Pêgas (*)
Todas as franqueadoras, de todos os segmentos, precisam estar atentas ao uso da tecnologia para perpetuar a marca, porque uma rede não sobrevive sem a tecnologia.
Parece exagero, porque se você pensar numa cafeteria, pode achar que os processos manuais superam a necessidade tecnológica. Mas sai ganhando quem automatizou os processos, investiu em equipamentos modernos e entrega para o cliente o melhor produto, no menor tempo e dentro do padrão que ele espera. Aquele cafezinho bem tirado, do jeito que o cliente pediu e oferecido repetidamente igual, em todas as centenas de lojas da rede, só é possível graças a quê? À tecnologia. E, na hora de fazer o balanço do estoque, fechar o caixa, administrar a loja, o franqueado depende de um programa de gestão muito bem elaborado, que atende a todas as suas necessidades e faz com que ele possa ser um multifranqueados, um gestor de dezenas de lojas, o que garantirá um faturamento que valha a pena investir cada vez mais naquela marca.
É claro que o uso sem treinamento e exacerbado dos recursos, ainda mais quando falamos da inteligência artificial, é perigoso e deve ser desestimulado, mas isso ocorre em qualquer ambiente profissional – e não apenas nas franqueadoras e em suas unidades franqueadas. Quando capacitamos equipes e oferecemos a elas condições adequadas de trabalho, equipamentos, sistemas, softwares de gestão e outros elementos agregam em produtividade.
E o que dizer sobre os bancos de dados? É sabido que um dos ativos de maior valor para as empresas, hoje, são os dados. Eles são tão preciosos que a LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados veio dirimir o uso correto deles, com a finalidade de proteger as pessoas físicas. Mas a manipulação correta desses dados é tão preciosa que pode gerar estatísticas e estudos que ditarão o futuro da franqueadora. As empresas mudam suas rotas a partir da análise de dados – e isso as faz não só lucrar mais, mas ganhar anos de vida. Vale lembrar que nenhuma empresa está livre de ver sua marca acabar.
Eu sempre tive o sonho de ser engenheiro. Na época do vestibular, porém, sofri um acidente e precisei de inúmeras sessões de fisioterapia. Fiquei intrigado com a profissão que eu desconhecia e o fisioterapeuta que me atendia me disse que ‘o fisioterapeuta é o engenheiro do corpo, que entende de todas as suas engrenagens”.
Eu me encantei com a possibilidade de ser um ‘engenheiro do corpo’ e, formado Fisioterapeuta, criei dois equipamentos que são referência no tratamento da coluna vertebral. Por meio dessa tecnologia, pude desenvolver um protocolo de tratamento que faz com que 95,7% dos pacientes que seriam enviados à cirurgia de hérnia de disco se curem sem recorrer ao bisturi. Eu e meu sócio formatamos uma franquia e a transferência de know-how só foi possível por meio da tecnologia, já que o protocolo envolve o uso desses equipamentos.
E os dados que obtivemos de 70 mil pacientes atendidos em 12 anos serão tratados para, até 2026, virarem um sistema de probabilidade que ajudará no tratamento de pacientes. Nenhuma empresa no mundo tem um banco de dados relacionado à hérnia de disco tão completo como o nosso e essa coleta de dados só foi possível porque acreditamos que a tecnologia pode impulsionar os negócios, mas também a ciência.
Quando eu falo que as franqueadoras precisam desenvolver novas tecnologias e apostar nas já existentes, chamo a atenção dos profissionais para o fato de que o franchising é movido por pessoas e para pessoas. Mas vivemos uma era em que é possível nos beneficiar da capacidade que temos de criar sistemas para ajudar nossos negócios a prosperar.
(*) Sócio-franqueador da Doutor Hérnia, rede com 150 clínicas de reabilitação de coluna vertebral e tratamento não-cirúrgico de hérnia de disco.