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Por que os Super-Heróis precisam da Liga da Justiça?

em Opinião
terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Celso Braga (*)

Você já deve ter percebido que, nos filmes de super-heróis, agora, eles são postos em times, o formato ‘liga da justiça’.

Com os problemas mais complexos e os desafios cada vez mais incertos, os talentos individuais precisam ser combinados na hora de enfrentar os problemas. Portanto o super-herói precisa do seu time. Você já reparou que estamos como pessoas, profissionais e sociedade enfrentando a mesma situação? Na busca por explorar as habilidades e potencialidades individuais, surgem os movimentos colaborativos.

Um exemplo simples se passou comigo: os pais da escola de meu filho estavam reclamando de como os livros estavam ficando mais caros e um deles propôs que fizéssemos uma feira de livros para trocar, vender e aproveitar melhor os livros de nossos filhos. Bingo, uma economia de 40%. Depois, soube que, em vários lugares, outras iniciativas iguais estavam ocorrendo. Sem falar em lojas colaborativas, onde se divide espaço para diversos empreendedores apresentarem seus produtos ou os espaços de co-working que são uma realidade para quem quer trabalhar com baixo custo, e há muitos outros exemplos.

Com o intuito de reunir pessoas, potencialidades e ideias, as empresas estão procurando ambientes mais colaborativos. O tema ‘colaboração’ faz parte de uma medida internacional de saúde organizacional, empresas mais colaborativas se renovam mais rápido e logo são mais sustentáveis. Problemas mais cabeludos sendo resolvidos por times colaborativos têm sido uma premissa. Se hoje um jovem for procurar emprego, ele certamente será avaliado por sua capacidade de trabalhar junto, colaborando, e quem está empregado e não trabalha colaborativamente, está cada vez mais sob o risco ter espaço para ocupar.

Em casa, na escola e em vários ambientes, o assunto é o mesmo. Desenvolver habilidades colaborativas para enfrentar os desafios de um mundo cada vez mais interdependente. Tarefa difícil para pessoas que, como nós, foram criadas e têm no entorno uma sociedade que se pauta mais pela competição do que pela colaboração. Há muito para falar sobre isso e despertar para a necessidade de aprender a colaborar.

Por causa disso, começamos a pesquisar sobre colaboração produtiva. Porque não é a colaboração pela colaboração, mas aquela que nos leva a um resultado qualitativa e quantitativamente melhor. Durante um ano, dialogamos com uma série de pessoas vindas de organizações, escolas e pessoas da sociedade sobre o tema e chegamos a uma definição: “Colaboração Produtiva significa pessoas que trabalham juntas para um propósito comum, utilizando o máximo de suas potencialidades em um fluxo contínuo de aprendizagem, mantendo um envolvimento emocional durante o processo” (extraído do livro ‘Inovação: Diálogos sobre Colaboração Produtiva’).

Colaborar é diferente de ajudar. Ajudar o outro significa se doar para alguém que precisa de sua habilidade ou recurso. Colaborar também é diferente de cooperar. Cooperação ocorre quando cada um dos envolvidos faz a sua parte separadamente e, todos juntos, esperam que a combinação deles leve ao resultado. Ao colaoborar, trabalhamos juntos para um objetivo comum de forma interdependente para construirmos algo. Às vezes, tratamos tudo como uma coisa só, mas são diferentes.

A outra questão é que é necessário que a colaboração seja produtiva. Muitas pessoas relacionam ser produtivo com trabalhar mais ou fazer muito esforço para produzir em maior quantidade. Parece uma ideia que enraizada em nossa cabeça. Para vencer essa ideia equivocada, agreamos ao conceito de colaboração o valor de ser também produtiva. E isso não requer trabalhar mais ou se esforçar mais. Uma simples ideia dada em 15 minutos, por exemplo, pode nos ajudar a ganhar milhões se agregada ao ato de fazer diferente. Não podemos mais apenas fazer por fazer. Para ser produtivo, o pensar e o fazer andam juntos. O conhecimento, a análise e as ideias têm valor e devem ser estimuladas em todos.

Líderes – e quero dizer aí pais, professores, políticos, presidentes, diretores, gerentes etc. – precisam colaborar produtivamente cada vez mais como resposta aos problemas mais complexos e incertos que vivemos. Desde o nosso modelo de avaliação educacional, competições ou mesmo em nossos lares, fomos estimulados desde sempre a vencer individualmente, a sermos melhores que os outros, a concorrer para obtermos um espaço melhor para cada um e agora isso precisa ser visto como algo coletivo e não individual. Eu só posso estar bem se outros também estiverem e a forma de realizar essa façanha é juntos.

(*) – Mestre em Educação, pós-graduado em Psicodrama Sócio Educacional pela ABPS, é qualificado como professor supervisor pela FEBRAP e Psicólogo. Fundador e diretor da Bridge Soluções em Desenvolvimento Humano. Diretor Administrativo da Drucker Society Brazil SP, vinculada a Drucker Institute em Claremont CA.