Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
O que será do Rio de Janeiro após as Olimpíadas? O que será do Brasil? Há muitos desequilíbrios para serem sanados.
É preciso seguir as prioridades, mas nada pode ser esquecido se quisermos ter um país merecedor do respeito, sobretudo no preparo dos jovens. Duas disparidades fundamentais travam o progresso da humanidade de forma equilibrada. Uma delas é o câmbio, isto é, o preço das moedas flutua alucinadamente ao sabor de interesses e das jogadas especulativas. A outra é o trabalho que saiu do ritmo natural e, com a acirrada concorrência globalizada e ganância, vai se tornando precário, com baixos salários, excesso de horas e condições inóspitas.
Em junho passado tivemos no Brasil queda de mais de 11% na cotação do dólar; qual será o efeito disso sobre a exportação? Permanecemos na contramão do que faz a China, EUA, Inglaterra e outros. No exterior ocorre a guerra cambial. Aqui o mercado financeiro possibilita a aplicação de golpes que depõem contra a teoria liberal. Liberdade é preciso, mas sem controle os gananciosos parasitam à vontade e aniquilam a energia do país, empurrando-o ladeira abaixo. A falta de preparo das novas gerações é um problema que poucas vezes mereceu a atenção das autoridades; em consequência, deixamos de formar gerações fortes, educadas, com bom senso, inteligência e boa saúde.
Medo e ódio marcam a formação de muitos jovens num cenário de miséria dolorida. Se o ser humano não se cuidar, acaba decaindo fundo, sem cultura, sem objetivos na vida. Alguns se entregam ao vício da bebida e às drogas, perdendo a fibra. Com o eu interior apagado, as pessoas não se valorizam, nem são valorizadas, perdem a dignidade. Para escapar da vida vazia de sentido precisam fortalecer o eu interior voltado para o bem, o que não se consegue com a pseudocultura de massa que achincalha a nossa espécie humana.
Nos últimos trinta anos, não só a desigualdade aumentou muito como também a consciência dela se ampliou, embora não tenha havido um aprofundamento no reconhecimento das causas. O problema está nas pessoas, elas não percebem que o espírito que dá vida a elas está entorpecido, sem forças para se manifestar. O que domina é a vontade mental formada no cérebro separado do espírito. Falta calor humano. Falta a espontaneidade que permite que a alegria que vem do eu interior se exteriorize.
Em pleno século 21, os relacionamentos e o trabalho estão se complicando. Dizem que estamos atingindo um ponto de viragem, isto é, de ruptura dos sistemas. Trata-se de amplas transformações em andamento porque o planeta e sua população atingiram os limites críticos. Os acontecimentos se sucedem de forma cada vez mais acelerada. Inconscientemente as pessoas vão percebendo isso. No ponto de viragem, muitas coisas ficam instáveis, o futuro incerto e desconhecido, a esperança vai embora.
É uma época de fermentação, revoltar-se sem conhecer a essência dos problemas, impondo alterações, pode gerar mais fermentação ainda sem produzir melhoras. Diariamente surgem novas informações de assalto à nação brasileira. Golpes financeiros, riquezas e dinheiro, surrupiados na calada da noite ou à luz do dia, como se fosse coisa natural. Outra notícia diária é sobre a livre circulação de drogas e entorpecentes pelo país. É preciso interromper a drenagem da energia do Brasil.
No ponto de viragem da humanidade as energias devem ser concentradas e canalizadas com vigilância e tenacidade para ultrapassar esse ponto, permitindo a travessia do velho para o novo, com serenidade no coração e confiança na Luz para alcançar uma forma de viver mais simples e natural, em conformidade com as leis da Criação.
(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites: (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). Email: ([email protected]).