Caio Bretones (*)
Pouco tempo, mas muitos avanços! Esse já era o objetivo do Banco Central antes mesmo do lançamento do Pix.
Com intuito de implementar novas tecnologias no mercado financeiro, que poderiam impulsionar a esperada e necessária democratização financeira, o BC lançou em novembro de 2020 o sistema de pagamentos instantâneos e, desde então, vêm colecionando números robustos: 120 milhões de usuários cadastrados e recorde de 54,5 milhões de transações em um dia. Mais de 70% da população brasileira utiliza o PIX.
As transações instantâneas registraram recorde no começo de janeiro, quando movimentou R$ 52 milhões em um único dia. O sistema de pagamentos já é utilizado por 99% dos jovens, de 18 a 24 anos; 95% por pessoas com idades de 25 a 44 anos; 65% na faixa dos 60 anos. Estudo do Ipespe para a Febraban, em novembro de 2021, apontou que o Pix já é usado por sete em cada dez brasileiros, mas a adesão é de apenas 64% entre pessoas com renda de até dois salários mínimos.
Essa é uma realidade que deve mudar em pouco tempo. Recentemente, ao ir ao supermercado e ser ajudado por um dos empacotadores, sugeri criar um QR Code para o recebimento das gorjetas. Em pouco tempo, lá estava ele com o seu próprio código pendurado em um cartão! Achei demais! Assim como em outra situação, essas do cotidiano, me deparei com um flanelinha ao estacionar o carro na rua, como não tinha dinheiro em espécie perguntei se ele aceitava PIX. E adivinhem? Fiz a transferência do valor via PIX!
Diversas discussões no mercado financeiro demonstram que o Pix e a inclusão bancária são dois termos que caminham juntos, o que já era previsto pelo BC antes mesmo do lançamento. O pagamento instantâneo é considerado o segundo meio de pagamento mais utilizado no Brasil, ficando atrás apenas do dinheiro em espécie e está caminhando cada vez mais em direção à popularidade no nosso país.
O Pix funciona de forma simples, sem demandar uma série de ações das pessoas e, a meu ver, suas conquistas se atribuem a isso. Em pouco mais de um ano, a ferramenta superou operações como TED e DOC, movimentando cerca de R$1,6 trilhão, segundo dados do Banco Central. O que já era de se esperar, uma vez que o pagamento instantâneo abre diversas vantagens frente aos meios tradicionais.
Sabemos que no universo financeiro existem muitos impasses que separam o usuário da sua principal necessidade, como a ausência do cartão, a grande burocracia ou até mesmo a falta de disponibilidade dos métodos. Entretanto, a partir dessa nova era de pagamentos, o público tem superado essas “dores”, fazendo do Pix o grande protagonista dessa transformação.
Além disso, o Pix foi uma das mudanças antecipadas em meio a pandemia, acelerando a integração de tecnologias, inclusive no sistema financeiro, e ainda apresenta inúmeras consequências e escancarou a crise atual. O sistema de pagamento instantâneo acabou ajudando no enfrentamento dos problemas em pauta, sendo um catalisador da inclusão bancária no país. Através da nova modalidade de pagamento, milhares de brasileiros dependentes do auxílio emergencial tiveram o acesso mais simples ao dinheiro disponibilizado pelo Estado.
Democratizar os serviços financeiros significa dar acesso, permitir que qualquer pessoa de qualquer classe, geografia e condição social tenha acesso às soluções financeiras. Além de universalizar a possibilidade de usar esses serviços de uma maneira consistente, com um baixo custo, para que as pessoas sintam as suas necessidades básicas financeiras sendo atendidas.
O BC vem adotando uma série de esforços na questão de cidadania financeira, que engloba inclusão no sentido amplo (acesso, uso e qualidade), bem como educação, proteção e participação. Tenho a expectativa de que todas as inovações tragam novas perspectivas à população, fazendo com que o Pix se torne o meio de pagamento mais popular no país em um intervalo bastante curto.
(*) – É sócio-fundador e CEO da Mobile2you, mobile-house especializada no desenvolvimento de aplicativos financeiros sob medida (tailor-made) (https://www.mobile2you.com.br/pt/).