Daniela do Lago (*)
A insatisfação com a profissão escolhida ou com a atividade exercida é um problema mais comum do que se imagina.
Afinal, quem nunca acordou com aquela vontade de tirar o dia de folga? Eu mesma já passei por isso várias vezes e essa insatisfação que pode ter várias causas nem sempre quer dizer que é a hora de mudar de carreira. Seguir para outra profissão é uma atitude radical, por isso, é importante fazer uma boa reflexão para identificar se a mudança é realmente necessária ou se a insatisfação está no estilo de vida.
Muitas vezes observamos outros profissionais obtendo sucesso em suas carreiras e tendemos a achar que a vida deles é mais fácil do que a nossa. Assim, parece que mudar de profissão é mais fácil do que ter outra atitude dentro da empresa. Ao mesmo tempo, é importante saber que nunca é tarde para se realizar em uma nova profissão, que traga satisfação e compensação monetária.
Como coach, sempre digo que a melhor forma de identificar a necessidade da mudança é responder algumas questões importantes: Gosto de fazer o que estou fazendo agora? Vejo-me exercendo a mesma tarefa nos próximos cinco anos? Eu ficaria feliz mudando de área na mesma empresa? Vale a pena mudar de função no atual trabalho? Eu ficaria feliz se me oferecessem uma promoção? Interesso-me por outro departamento na empresa atual? Identifico-me com meus colegas e com o meu local de trabalho?
Se a resposta para todas as perguntas acima for negativa, talvez seja mesmo a hora de pensar em mudanças. Nesse caso, reúna toda a sua coragem e saia para procurar um novo campo de atuação. A melhor maneira é começar com pequenas ações, mas com foco, que irão direcionar suas decisões da maneira mais fácil e correta:
1 – Faça planejamento real: muitas vezes, uma mudança significa salário menor, mudar de estado e até sacrifícios físicos. É importante conversar com pessoas que atuam na carreira desejada. Questione abertamente sobre as dificuldades e dilemas do dia a dia;
2 – Comece com um trabalho paralelo: essa estratégia permite que você se mantenha no emprego atual enquanto faz outros trabalhos relacionados ao seu novo objetivo na carreira. As atividades como freelancers são boas alternativas para começar a traçar um novo “alvo” e não ficar tão “dependente” do emprego atual;
3 – Programe-se financeiramente: observe se você tem economias suficientes para não passar por dificuldades durante esse período de transição. Nem pense em tirar férias ou comprar algum bem que possa limitar seu fôlego financeiro. O ideal é fazer uma reserva que garanta honrar as contas por pelo menos um ano;
4 – Volte a estudar: esse é um pré-requisito básico se você pretende entrar em um campo que requer cursos especializados ou um trabalho muito diferenciado do que estava acostumado a fazer. Buscar novos conhecimentos faz com que você aprenda os detalhes e segredos da nova área, dá maior credibilidade ao profissional e mais confiança ao empregador;
5 – Escolha o que escolheu e não olhe para trás: ao tomar sua decisão de mudança, foque nesse caminho e tenha disciplina. Saiba que vai lidar com os fatos difíceis, pragmáticos e terá que fazer o necessário para que as coisas aconteçam. De nada vai adiantar ficar olhando para sua antiga profissão quando passar por uma dificuldade. A síndrome da “grama do vizinho é mais verde que a minha” pode prejudicar a sua caminhada.
(*) – É coach, palestrante, professora dos cursos de MBA da FGV nas disciplinas de Gestão de Pessoas, Comportamento Organizacional, Comunicação e Relacionamento Interpessoal. Autora de Despertar Profissional, que contém dicas práticas de comportamento no trabalho.