Fabiany Lima (*)
Quanto vale a minha startup? Essa é uma dúvida que assombra a maioria dos empreendedores, independente do tempo de mercado ou do segmento de atuação.
Esse questionamento se torna ainda mais necessário quando chega o momento de buscar por um investimento. Determinar esse número está longe de ser tarefa simples, porque vai muito além de cálculos e projeções matemáticas. Definir o Valuation – termo em inglês para “avaliação de empresas” – é um processo no qual se estima quanto uma startup vale, determinando seu preço justo e o retorno de um investimento em suas ações.
Com base nessa informação, os analistas fazem recomendações de compra ou venda do ativo. E, por se tratar de uma determinação baseada em análises objetivas e subjetivas, esse cálculo é, sabiamente, um dos maiores pontos de discórdias e confusão. Isso acontece, principalmente, porque empreendedores confundem avaliação com necessidade de caixa e o quanto ele está disposto a abrir de participação no negócio, ao invés do real potencial que a empresa tem no mercado.
Na outra ponta, há alguns investidores que tentam baixar esse valor para poder barganhar um maior percentual participativo e garantias em benefícios na negociação. Objetivamente, o fluxo de caixa é um dos melhores nortes para essa conta, baseado nas projeções de faturamento, considerando o cenário do mercado em que a startup está inserida, junto a projeções macroeconômicas.
O segundo ponto a considerar é a premissa básica de comparação com outras empresas que tenham soluções semelhantes, considerando o estágio em que a empresa está e criando uma média dentro daquele recorte para entender quanto esse tipo de solução está valendo.
Mais subjetivamente, há o score card: um novo critério que dá notas em determinados critérios fixos, incluindo força do time de vendas, modelo de negócio, potencial de mercado mais amplamente.
Ainda existe outros critérios nessa categoria, tais como a mercado em baixa ou alta, time de fundadores e sua bagagem, que também são considerados, afinal, empreendedores que têm experiencia na construção de novos negócios trazem um valor maior para sua empresa do que um time de líderes e founders iniciantes.
A grande questão é que, hoje, não existe metodologia ou regra geral para essas avaliações, que, vale lembrar, são uma determinação virtual ou irreal do negócio, válido somente quando a ideia é comprada, ou seja, quando alguém paga pela ou para a empresa aquele montante acordado entre ambas as partes. Quando as ideias ou soluções são superestimadas, há um perigo de o investidor encontrar uma concorrente com valores mais equilibrados (ou mais modestos) que ofereça melhores condições.
Em avaliação baixa, o empreendedor se vê obrigado a fazer maiores concessões, diminuindo possibilidade de novos aportes futuros. Por isso, a negociação deve ter total equilíbrio, ou seja, deve ser encontrada uma estimativa que demonstre o potencial da empresa e da solução oferecida, ao mesmo tempo em que demonstre possibilidade de margens de negociações e fatias suficientes e sustentáveis para os envolvidos.
Em outras palavras, é entender o momento da sua startup, como estão as concorrentes, saber os pontos fortes e fracos do negócio e estipular um preço competitivo. Afinal, avaliar equilibradamente o valuation é o ponto de partida para conquistar aquele investimento dos sonhos e continuar captando em outras rodadas.
Mais do que super valorizar o negócio ou depreciar seu valor por um ou dois aportes, o importante é entender seu momento e o que tem a oferecer, para conseguir dividir o bolo em fatias satisfatórias para não haver prejuízos para a saúde do negócio ou o bolso do investidor.
(*) – Formada em Direito pela Universidade Católica de Santos, possui MBA em Marketing e Vendas e está à frente da DiliMatch, consultoria que dá o suporte para que investidores aportem em iniciativas nacionais e startups que procuram por investimento.