Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
O Brasil parece estar sob ataque. Pipocam eventos negativos, explorados e comentados de forma negativa pela mídia, sem indicar soluções nem oferecer esperanças de melhoras.
A taxa de juros foi elevada supostamente para reduzir o consumo num país que consome menos. Agora se observa que se os juros não baixarem, o consumo continuará em queda. No entanto, o Brasil poderia ter se constituído num país decente, com população bem preparada para viver em equilíbrio com a natureza, desfrutando os recursos com os quais foi contemplado. Faltaram estadistas. Surgiram os supostos donos do Brasil.
No pós-guerra, houve uma ligeira melhora, mas logo a educação foi decaindo e hoje somos um dos países mais atrasados e caudatários de riquezas para o exterior. Gastou-se uma enormidade de dinheiro para construir estádios de futebol. Esses disparates mostram bem como são irresponsáveis e prepotentes esses falsos estadistas que tomam o dinheiro público e fazem o que querem, esquecendo que foram eleitos com a responsabilidade de zelar pelo erário e para utilizar os recursos para o bem da população e seu progresso.
De que valem esses estádios se falta tudo o mais? Nada a estranhar se o Brasil ainda vive o ranço colonialista, decaindo a cada dia sem que surjam alternativas enobrecedoras. Enquanto se desenvolve intensa luta pela conquista e conservação do poder, a natureza, continuadamente agredida, manda seu recado através da crise hídrica que avança pelo mundo. E nada está sendo feito. Nos sertões, as árvores continuam sendo derrubadas e queimadas, e os esgotos sem tratamento lançados nos rios e mares.
No mundo enfrentamos vários obstáculos. Há a questão da limitação dos recursos naturais e da restauração da biocapacidade regenerativa do planeta, além do despreparo da população e o entrave do artificialismo das finanças que se sobrepõe a tudo mais como fonte de poder e dominação. A humanidade tem perdido tempo; a globalização deveria, em primeira linha, ter buscado o equilíbrio global com a natureza, mas as fronteiras foram abertas para o livre fluxo financeiro e comercial, favorecendo o superávit de uns e déficits de muitos, concentrando a riqueza, colocando os mais frágeis em precárias condições, e tudo que está sendo feito visa à conservação desse estado antinatural.
Repensar o desenvolvimento implica em restabelecer o equilíbrio. A escandalosa especulação com moedas precisa acabar, pois quem leva a pior é a população, uma vez que as energias estão sendo sugadas e há ganho artificial de poucos, o que significa perda para muitos. Além disso, o câmbio manipulado favorece as exportações de uns em prejuízo de outros. Atualmente, são visados o real, o rublo, a rúpia e o rand como moedas potencialmente aptas a gerar ganhos especulativos e que têm possibilitado ganhos extraordinários para os especuladores enquanto a economia dos respectivos países permanece bem próxima da UTI.
A solução real seria a busca do equilíbrio nas relações entre povos e com o meio ambiente. Isso parece não interessar porque implicaria na eliminação da permissividade especulativa, especialmente com o câmbio, que tem possibilitado a engorda de financistas astutos, sem trazer benefício para ninguém. Assim como os governantes não devem gastar internamente mais do que arrecadam, as contas externas também não deveriam apresentar déficits continuados, mas sim o equilíbrio. Infelizmente tem prevalecido o ganho de uns com perdas para muitos e atraso geral.
O governo deveria administrar bem o país em seu relacionamento com os outros e estabelecer condições para o progresso geral. Preparar as novas gerações para o século 21, formando seres humanos fortes, de qualidade, construtores e beneficiadores da Criação. Em vez disso, os políticos se corrompem, enfraquecendo o país com o aumento de dívidas, não vacilando em entregá-lo para quem der mais.
(*)_ – Graduado pela FEA/USP, realiza palestras sobre qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). Autor de: Nola – o manuscrito que abalou o mundo; O segredo de Darwin; 2012…e depois?; O Homem Sábio e os Jovens; e A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade ([email protected]).