Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
Há uma forte efervescência no mundo. No Brasil, ela é particularmente mais grave devido à displicência de acreditar que tudo deva cair do céu sem esforço.
Em grande parte, os governantes pouco primaram pelo desenvolvimento e fortalecimento da população. Todos tiveram oportunidades de agir e contribuir; muitos falharam, levados pelas cobiças pessoais. Sabotadores, especuladores, falsos líderes e corruptos atrasaram a nação e o povo em seu desenvolvimento natural. O Estado se tornou perdulário com contratações políticas e compras sem critério, atendendo a interesses particulares.
As receitas são consumidas no custeio, nos gastos sociais, descontrole e superfaturamento. Nada sobra para investimentos. Desde longa data têm faltado estadistas e empresários empenhados no bem geral da nação. Com a globalização, ficou ainda pior, pois não há compromisso com o país; interessa apenas poder dispor dos recursos estratégicos e lucrativos e vantagens da especulação financeira. O Estado vai inchando. Obras superfaturadas. Dívidas e juros aumentando. Não há responsabilidade com o futuro. Déficits internos e externos. As contas estouram.
Atrasados, os emergentes tendem a decair. Faltam interesse, empenho e responsabilidade. Não há mais equilíbrio, apenas a busca por vantagens. O arcabouço financeiro tornou-se dominante, estabelecendo mecanismos que asseguram o fortalecimento próprio e independente. Produzir para atender às necessidades e obter ganhos ou produzir ganhos atendendo às necessidades? O crédito foi uma boa invenção para promover o desenvolvimento, mas, dominante, suplantou o lado humano.
O sistema levou séculos para chegar à forma atual. Poder e dinheiro desumanizaram a vida, eliminando os alvos elevados de aprimoramento; tudo converge para a obtenção do ganho financeiro. Não há boa vontade. Mercado e Estado se afastaram do real objetivo da vida. É necessário combater a decadência, a droga, a criminalidade e promover a responsabilidade e o real interesse pela vida. A polêmica ideológica nada resolve.
Sem um objetivo comum de elevar a qualidade de vida, sempre haverá essa busca de dominação e vantagens. Com a perda do alvo elevado e sufocamento do impulso para a busca do sentido da vida, a sociedade também se acomodou aos ditames da cultura mercantilista. Surgiu o cenário de vida aborrecida e difícil, cuja tensão induz à busca de antidepressivos e compensação nas drogas, na sexualidade casual.
No passado, havia um projeto de vida voltado para o aprimoramento e fortalecimento das individualidades. Tudo foi ficando igual, com a antena do idealismo nobre voltada para baixo. O ideal cultivado atualmente é o da fruição do prazer imediato, dando o mínimo espaço ao eu interior para se desenvolver. Forma vazia de viver que cria desinteresse e aumento da criminalidade.
O Brasil está decaindo muito. Do jeito que está não dá para continuar. Qual é plano de recuperação? Como incentivar os empresários a investir e produzir? Como revitalizar a indústria e gerar empregos? Como dar ânimo às novas gerações? Na economia, a palavra-chave também deveria ser renovação. O dinheiro tem de circular e recircular na produção, emprego, comércio, consumo. A recuperação depende do esforço de todos.
O que está em jogo é o futuro do país. Se o Brasil continuar sendo posto de lado por seus governantes, não seria o caso de organizar eleição geral para o país readquirir a credibilidade? Os seres humanos são dotados da capacidade de livre resolução, mas devido ao funcionamento das leis cósmicas, sempre ficam sujeitos às consequências. O Brasil e seu povo têm de se esforçar para renascer e alcançar o seu destino para escapar da decadência e ruína.
(*) – Graduado pela FEA/USP, realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). Autor de: Nola – o manuscrito que abalou o mundo; O segredo de Darwin; 2012…e depois?; Desenvolvimento Humano; O Homem Sábio e os Jovens; e A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade ([email protected]).