Tobias Nold (*)
A meditação vem ganhando cada vez mais adeptos. Inúmeros estudos apontam os benefícios para a saúde física e mental. A prática envolve apenas a respiração, concentração e a postura.
Apesar de ser aparentemente simples, muitas pessoas relatam grandes dificuldades para silenciarem e manterem a atenção plena. Nesse sentido, eis que surge uma nova aliada: a flutuação. O “floating” foi criado nos anos 50, nos Estados Unidos, pelo neurocientista e psicanalista John C. Lilly. O profissional realizou pesquisas sobre os benefícios obtidos por pessoas que flutuavam dentro de tanques de água salgada.
Os resultados estão no livro “O Eu Profundo: Exploração da Consciência no Tanque de Isolamento”. De lá para cá, muita coisa evoluiu. O mercado amadureceu e hoje já é possível encontrar mais de 450 centros de flutuação nos Estados Unidos. Há inclusive tanques de uso pessoal, para que as pessoas pratiquem a flutuação em casa. No Brasil, ainda se trata de uma novidade, mas com forte potencial de crescimento devido aos inúmeros benefícios observados.
O tanque – que lembra muito uma banheira grande, mas com tampa – é composto por água com sal Epsom, ou sal amargo, como é mais conhecido no Brasil. Essa alta concentração do sal possibilita a flutuação pela densidade elevada da água, dando a sensação de falta de gravidade. A água fica a 35,5 graus, a mesma temperatura média da pele de nosso corpo, tornando a experiência muito agradável.
Além disso, os estímulos sensoriais são rigorosamente controlados, facilitando a prática da meditação. Como usa protetores auriculares, o flutuador não recebe estímulos auditivos. O mesmo acontece com a visão. O praticante pode ficar na escuridão total ou, se preferir, sob as luzes de cromoterapia. A temperatura da água também reduz os estímulos ao tato. O ambiente com menos distrações, ajuda a controlar os pensamentos, se manter no presente, no aqui e agora, com atenção plena.
Nesse momento de profundo acolhimento e encontro íntimo consigo mesmo, praticantes e não praticantes de medicação relatam experiências muito enriquecedoras. Alguns conseguem relaxar a ponto de não pensar em absolutamente nada. Outros relatam sentir emoções muito positivas, como felicidade, plenitude e liberdade. Há ainda os que preferem entrar no tanque com um assunto em mente a fim de elucidar o tema.
A flutuação não requer nenhum tipo de conhecimento prévio. Quem já conhece e pratica a meditação aproveita para ampliar as suas capacidades. Quem não conhece ou tem dificuldade, consegue experimentar uma sensação de intimidade com o próprio corpo e mente nunca antes imaginada. Os benefícios acontecem já na primeira sessão, mas tendem a melhorar ainda mais com a prática contínua.
E eles são muitos. Do ponto de vista físico, o sal Epsom atua diretamente na redução do cortisol, o hormônio regulador do estresse e da ansiedade. Também auxilia na redução da pressão arterial, na qualidade do sono e até em dores provocadas pela enxaqueca. Há melhorias significativas ainda na fadiga muscular e alívio nas inflamações de juntas e articulações.
No aspecto emocional, a flutuação atua nos processos cognitivos, aumentando a capacidade cerebral. A memória tende a melhorar, assim como o humor. A produtividade, energia, eficiência e a criatividade também sofrem impacto positivo, visto que a pessoa tende a treinar a atenção plena da consciência para o momento presente.
A flutuação é uma prática complementar que ajuda a superar doenças físicas e questões psicológicas. Tanto os praticantes quanto os não praticantes de meditação tendem a se beneficiar da prática. Trata-se de mais uma opção na busca por uma vida mais plena, saudável e equilibrada.
(*) – É empresário e idealizador da Flutuar Float Center, primeiro centro de flutuação em São Paulo (www.flutuar.me/).