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Liderança criativa: a vantagem competitiva que pode ser desenvolvida

em Opinião
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Aloysio Ribeiro Neto (*)

Nos últimos tempos, o conceito de liderança criativa tem sido amplamente difundido.

Segundo um estudo da IBM, feito em 2012 com mais de 1500 CEOs, a criatividade é vista como a qualidade mais importante que um líder e companhia podem ter. Mas o que é liderança criativa e por que as atenções estão se voltando a ela? Liderança criativa é a capacidade de propor soluções inovadoras, principalmente ao se deparar com situações complexas.

Então, no contexto em que vivemos, construído a partir da transformação digital e ascensão de novas tecnologias, a necessidade de se trabalhar o potencial criativo das pessoas e corporações está em ultrapassar a complexidade trazida pelas demandas inovadoras, que são cada vez mais exigentes. Na vanguarda: a capacidade de prever os pontos-chave da vantagem competitiva.

A inovação é uma vantagem competitiva e está diretamente ligada à criatividade, estruturando as condições favoráveis para que esta entre em ação e formando os alicerces em atividades que nunca ninguém colocou em prática. Nesse âmbito, prever as tendências do que será ou não favorável ao mercado é muito poderoso e direciona as tomadas de decisões. Experiências e ideias entram aqui como o diferencial necessário para estar sempre na vanguarda. Por mencionar o ato de estar constantemente um passo à frente, a criatividade consiste no desenvolvimento de repertórios, incentivando o investimento na quebra de paradigmas.

Ações relacionadas à diversidade e inclusão, por exemplo, deixam os ambientes mais heterogêneos e contribuem genuinamente para mudar percepções de vida, impactando na maneira como as pessoas produzem, por se sentirem mais representadas e, consequentemente, mais motivadas e socialmente responsáveis. Além disso, a empatia que isso gera ajuda as pessoas a se comunicarem e se conectarem melhor.

É importante termos líderes criativos, entretanto, ter uma equipe que pensa fora da caixa é ainda melhor. Propiciar ambientes em que exista a liberdade para experimentar traz mais resultados simplesmente por não sobrecarregar nenhuma área ou indivíduo. Precisamos ter líderes para orientar talentos e, com isso, cascatear as práticas, atingindo os objetivos propostos pelas estratégias de maneira mais assertiva.

No Brasil, o número de pessoas que se sobressaem por essas qualidades é baixíssimo e essa realidade tem de ser transformada. Aliás, a concentração de mentes que pensam forma disruptiva, grande parte por terem aprendido a usar a criatividade, precisa ser redistribuída mundialmente. Hoje, por exemplo, existem espaços como o Vale do Silício que acabam por concentrar as mentes “brilhantes”.

E nas empresas, seria interessante trabalhar mais profundamente o intraempreendedorismo, ou seja, a mentalidade empreendedora dentro de seus próprios nichos e negócios, formando áreas autossuficientes que se conectam naturalmente como parte de um grande ecossistema.

Por que é tão difícil implementar tudo que foi discutido neste texto na realidade? É uma questão de disparidade entre a teoria e a prática. O mundo, as organizações e as pessoas estão mudando e isso implica numa transformação de mindset. Os novos cenários que a tecnologia e a automação trazem implicam em uma mudança de ritmo, por isso é necessário desenvolver a capacidade de adaptação frente às mudanças rápidas e frequentes de agora.

Podemos dizer que o modo de pensar de um artista se assemelha a essa transformação: agir de maneira viva, curiosa, consciente e tendo disposição para experimentar muitas vezes, de forma rápida e inteligente para descobrir o que realmente funciona. Há muitas questões em jogo e manter-se na disputa corporativa é, somente, a mais imediata. A criatividade nos dias de hoje já não é um diferencial, e sim uma questão de sobrevivência, somada às outras questões como agilidade, atenção às transformações e às demandas do mercado de maneira única.

O ponto aqui não é o surgimento de novas empresas, mas que as já existentes precisam estar em constante evolução para se adaptar e se desprender da crença de que o que as levou até aqui será uma receita para o crescimento futuro. É o momento de acordar, olhar o mundo de outra maneira, pensar e agir de maneira diferente, criativa e inovadora.

(*) – É diretor financeiro da GFT para a América Latina e co-fundador da Academia da Criatividade.