Felipe Carvalho (*)
Atualmente estamos vivenciando no Brasil umas das piores crises econômicas e, principalmente, política dos últimos anos.
Todo esse cenário – com suas incertezas e instabilidades – vem impactando diretamente no desempenho das empresas que sobrevivem a esse furacão. Nesse momento, a demissão de profissionais com a finalidade de reestruturação já faz parte do dia a dia das empresas, e pior, já estamos nos acostumando com isso como se fosse algo comum, afinal, são mais de 14 milhões de brasileiros nessa situação.
Quem não tem um amigo ou um parente nessa conjuntura, que atire a primeira pedra. É fato que muitas empresas estão demitindo profissionais em muitos casos por questões financeiras mesmo. Se não o fazem, perigam de fechar as portas literalmente. Apenas para ilustrar, atuo no apoio consultivo às empresas em projetos de demissão coletiva e, em especial, individual, recebendo diariamente profissionais que foram desligados de seus antigos empregadores.
A “muleta” da crise econômica sempre é a vilã de tudo o que está ocorrendo. Mas, será mesmo? Quando se faz uma análise superficial da situação, num primeiro momento, até existe sentido em dizer “fui demitido devido à crise” ou “a empresa está fazendo cortes por questão de custos e, infelizmente, fui demitido”, mas quando aprofundamos na fala, percebemos muitas coisas que estavam obscuras, pois se a questão era financeira, será que a empresa optaria pelo seu colega ao invés de você?
Não estou dizendo que você deva se sentir culpado por ter sido demitido, mas para que você faça uma reflexão aprofundada assumindo alguns erros cometidos. Em um momento em que cada vez mais as relações de trabalho estão em constante mudança, percebo um grande número de pessoas que se “pendura” em seus empregos para não enfrentar a dura realidade de sair da “zona de conforto”. A demissão é apenas o estágio final desse processo. E, como alguém tem que tomar uma decisão, que seja a empresa, não é? Assim a culpa não é sua, é a crise!
Em certo ponto, as empresas até são um pouco culpadas com o que fazem com a carreira de seus funcionários, mas somos nós os donos de nossos destinos, somos nós a mola propulsora de nosso desenvolvimento pessoal e profissional, portanto, antes que isso aconteça com você, tome as rédeas da sua vida e da sua carreira. Não se deixe cair em sua própria armadilha com medo do novo. Não deixe que os outros o descartem sem motivos e, se isso aconteceu, pare, pense, analise o que você deixou de fazer para aprender, levantar e seguir em frente.
Aqui listo algumas dicas importantes para não ser pego de surpresa com uma demissão:
• Feedbacks – esse é um processo mais comum de analisarmos se o que entregamos está de acordo com o que nos foi proposto; discrepâncias nessas conversas podem ser um sinal de que algo não está bem. A falta dessas conversas também;
• Delegar atividades – se seus superiores que antes delegavam várias atividades a você não o estão fazendo mais, fique atento. Normalmente pessoas que estão sob observação não recebem mais atividades importantes para serem realizadas;
• Novas contratações – você está dividindo suas atividades ou está transmitindo muitas informações para que outras pessoas também as façam?
Mudanças virão por aí. São apenas alguns sintomas de que algo está na direção errada. Mais importante do que identificar se isso ocorre com você em sua carreira nesse momento, é saber tomar decisões para que seja apenas uma lição, muitas vezes amarga, para que haja desenvolvimento e aprendizado, além de conscientização do quanto somos donos de nossas carreiras. Se algo não está bem, que sejamos capazes de virar a mesa, de acreditar em nosso potencial, identificar o que nos falta e nos preparar.
No início até pode ser interpretado como algo negativo, porém com o tempo será um grande case de sucesso. Claro, se você estiver disposto a aprender. Nunca é tarde para recomeçar. As vezes uma demissão é apenas o começo de uma grande descoberta. Permita-se!
(*) – Pós-Graduado em Gestão de Vendas e Negociação pela FAAP, Graduação em Administração de Empresas pela PUC, certificação como Professional Leader Coach pela Slac, atua como Gerente de Negócios Corporativos na Thomas Case & Associados, consultoria com 40 anos de atuação na gestão e transição de carreiras.