Mario Enzio (*)
Quando entramos na seara das comparações o assunto pode virar notícia. Tudo que é diferente pode ser motivo para ter algum destaque.
Nesses dias a ex-perfeita ostentação foi pega com seus abusos. O dólar era estável até fevereiro, agora deixa ex-viajantes só com vontade de fazer compras no exterior. A situação de ser alguma cosa antes não lhe dá certeza de nada no futuro. Antes eu era alguma coisa ou tinha algum cargo ou mantinha certo grau de relacionamento ou tinha certa condição, hoje não sou mais nada daquilo. Pensemos nessas mudanças que podem dar ataques de nervos ou síndromes inomináveis.
Atenção na semana das notícias para ex-mulheres que agora se assumem sua condição preferencial de gênero. Nada contra, muito correto querer ser o que se tem desejos e vontades. Conheço quem já mudou e voltou ao estado de origem. Deram muitas noites de insônia, até que a pessoa se revelou novamente ao antigo estado de coisas. É o caso de um ex que virou ‘ex-ex’.
Já ex-marido, quando não paga pensão, fica em estado de perpetuação. Tem-se pressa para uma ação de cobrança e não se tem disposição para se olhar na cara. Situação semelhante da ex-esposa que nas redes sociais mostra os novos amores e depois posta desaforos do mais novo ex-namorado. Desdém é pouco: – Cara ruim de cama, além de mau caráter. Quero que minha inimiga se apaixone por ele. E completa: – era disso que eu gostava!
Situações quase semelhantes são vividas todos os dias: com ex-patrões têm histórias de amor e ódio. Ex-amigos ainda são casos mais difíceis, pois até podem ter seus ciclos de vivências, de rupturas e reatamentos. A internet facilita ou dificulta a vida de quem quer esquecer. Pode ser uma aliada na cobrança de pensão, no rompimento de relações ou no aumento da dor de cotovelo.
Encontram-se fotos, lugares visitados, sempre em clima das novas alegrias. Difícil ver algum ex que poste uma mensagem negativa. Parece que fazem essas veiculações para causar algum prazer intenso de falsa satisfação. Ou não, podem estar mesmo felizes, gozando sua liberdade ou prazer infinito da alma, por terem conseguido se libertar de algo que os aprisionava.
Ser ‘ex’, requer, entretanto, algumas considerações: ou você é ou não é. Você foi um bom marido, uma boa esposa, um bom patrão ou um bom amigo. Agora não é mais. Só que algumas figuras de ‘ex’, não conseguem se esquecer de sua condição: mal de ‘ex’ é se achar inesquecível.
Acompanhar notícias permite que sejamos observadores de ações negativas ou positivas de pessoas que vivem essas posturas oscilantes, entre querer ainda ser ou não saber se algum dia ainda será. Como de uma ex-sogra que resolveu ter um caso com o ex-marido da filha por um desejo oculto de algum momento do passado.
Ou de um ex-presidente que ainda manda recados, dá entrevistas e opiniões de situações do presente sem perceber que governos paralelos também atrapalham as relações atuais. Que coisas estranhas!
(*) – Escritor, Mestre em Direitos Humanos e Doutorando em Direito e Ciências Sociais (www.marioenzio.com.br).