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Evolução e espiritualidade

em Opinião
terça-feira, 13 de setembro de 2016

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

Está em andamento um projeto de uniformização das massas como conveniência da implantação do sistema global de produção, que necessita da padronização dos mercados para ampla penetração.

O planeta Terra foi estruturado para que surgissem as necessárias condições para a vida humana, possibilitando a penetração e o desabrochar do elemento espiritual com sua energia apta a prosseguir no beneficiamento geral e embelezamento. No entanto, ao longo dos séculos, o homem, com o seu livre arbítrio, passou a fazer escolhas e a tomar decisões as quais acabaram transformando o mundo em um lugar perigoso para se viver.

Estamos nos encaminhando para a insustentabilidade do planeta ao ultrapassarmos o consumo em mais de 30% de sua capacidade de reposição. Em paralelo, enfrentamos uma fase de alterações climáticas, muita inquietação social e insatisfação com a situação econômica, e o surgimento de novas doenças epidêmicas.

Mas a evolução espiritual da humanidade, que deveria ser alcançada por determinado número de encarnações, não implica na uniformização geral; ao contrário, a diversidade e as individualidades devem acompanhar a evolução e produzir benefícios; uniforme mesmo são as leis naturais da Criação que regem a evolução e o aprimoramento, que precisam ser reconhecidas e observadas em todas as latitudes. As individualidades são inatas, enquanto a diversidade se refere à adaptação aos aspectos regionais do planeta.

Quando tudo se torna uniformizado, as bases existentes dos costumes e cultura vão sendo sufocadas por atitudes padronizadas vindas de fora e disseminadas pela mídia, deixando as novas gerações sem ter as bases em que se apoiar, o que se agrava com a crise econômica e a precarização geral decorrente. A vida passa a ser a busca do entretenimento e prazer imediatos devido à falta da visão de melhor futuro.

As massas se agarram com sofreguidão aos deleites proporcionados pelo circo eletrônico cuja invasão é bem recebida nas casas e nas mentes. Aos poucos a visão materialista da vida vai tomando o espaço da visão espiritualista e o ateísmo passa a ser aceito como normal. Nascimento e morte perdem o significado espiritual, e muitas vezes o corpo inerte, abandonado pela alma, passa a ser considerado como um traste inconveniente que precisa ser descartado.

A uniformização da percepção do mundo está levando as pessoas a uma visão pessimista da vida, reforçada pela crença da vida única decorrente do avanço do materialismo que vai soterrando a essência espiritual do ser humano. No entanto, nada surge por acaso, pois tudo tem uma razão de ser, especialmente no tocante ao ser humano, na grande lógica da evolução que deveria conduzir na direção da autoconsciência do ser, em vez dessa figura apática e desinteressada em relação à própria vida que se tornou o homem do século 21. Cada vez mais as pessoas são levadas a crer que tudo acaba com a morte do corpo terreno.

De século em século, em vez de caminhar na direção da verdadeira evolução, a humanidade tem sido conduzida para o oposto do que era desejado. Jesus indicou claramente para que os humanos se afastassem da estrada larga do comodismo, buscando conscientemente examinar e verificar tudo que lhe fosse apresentado, refletir intuitivamente para distinguir a verdade da mentira sobre a finalidade da vida.

No entanto, o comodismo, a preguiça de pensar por si e a indolência espiritual continuam sendo reforçados. O comodismo travou o prosseguimento da evolução permanente a ser alcançado pelos seres humanos mediante sua livre decisão, reforçada pela reflexão intuitiva. Em consequência, se agrilhoaram ao pesadume da matéria, sem adquirir as necessárias condições para se elevarem.

(*) – Graduado pela FEA/SP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel e é associado ao Rotary Club/SP. Articulista e colaborador de jornais, realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites (www.library.com.br) e (www.vidaeaprendizado.com.br). E-mail: ([email protected]).