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DREX: a promessa e os perigos da moeda digital brasileira

em Opinião
sexta-feira, 24 de maio de 2024

Denis Furtado (*)

Nos últimos anos, o mundo tem testemunhado uma transformação significativa na forma como lidamos com o dinheiro e conduzimos transações financeiras.

Uma das mais recentes evoluções nesse cenário é a chegada do Digital Real Exchange (DREX), um recurso inovador que promete mudar o setor bancário e os serviços financeiros como os conhecemos.

Para quem ainda não ouviu falar, o DREX é a representação digital do real, que tem o mesmo valor e mesma aceitação do real tradicional. Intrinsecamente ligado à tecnologia Blockchain – que funciona como um livro-razão digital distribuído e seguro, registrando transações de forma permanente e transparente – trata-se de um modelo digital que visa facilitar e agilizar a troca de ativos financeiros, tornando as transações mais eficientes e acessíveis a um maior número de pessoas.

O DREX ainda não tem data para chegar ao público. Atualmente ele está em testes com 16 empresas e consórcios escolhidos pelo Bacen e sua implementação é acompanhada de perto por especialistas e stakeholders do setor financeiro. E a expectativa é grande: 60% dos brasileiros acreditam que ele trará benefícios para a economia e 50% estão dispostos a usá-lo, segundo dados do Banco Central.

A moeda digital representa um novo paradigma para o sistema financeiro, com potencial para impulsionar a economia e democratizar o acesso a serviços bancários. Perspectivas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontam que o DREX pode aumentar o PIB do Brasil em até 1% e gerar até 2 milhões de novos empregos.

No entanto, com essa nova forma de fazer negócios surgem também desafios significativos, especialmente no que se refere à segurança e integridade das transações.

Fraude: uma ameaça evitável?
Assim como outras inovações no setor financeiro, como o PIX, o DREX não estará imune a fraudes. É importante compreender que as vulnerabilidades não residem apenas no próprio sistema, mas também no comportamento humano. O PIX, por exemplo, apesar de sua eficiência e praticidade, também tem sido alvo de fraudadores que exploram falhas nas práticas de segurança e na conduta dos usuários. Da mesma forma, o DREX enfrentará desafios semelhantes, exigindo medidas proativas para mitigar riscos.

É fundamental reconhecer que a segurança no ambiente digital é uma responsabilidade compartilhada entre o setor público e o privado: instituições financeiras, desenvolvedores de tecnologia e usuários finais. À medida que nos preparamos para a adoção do DREX, é importante que todas as partes envolvidas estejam cientes dos riscos potenciais e tomem medidas para proteger seus dados e ativos financeiros.

Isso inclui a implementação de protocolos robustos de segurança cibernética, a educação dos usuários sobre boas práticas de segurança e o desenvolvimento contínuo de tecnologias de detecção e prevenção de fraudes.

Além disso, é essencial que os reguladores e órgãos governamentais continuem acompanhando de perto a implementação do DREX e promovam um ambiente regulatório que incentive a inovação ao mesmo tempo que protege os consumidores e a integridade do sistema financeiro.

O DREX representa uma emocionante nova fronteira para os serviços financeiros, oferecendo oportunidades inéditas para a inclusão financeira e o desenvolvimento econômico.

No entanto, não podemos ignorar os desafios que acompanham essa transformação. A prevenção de fraudes é uma preocupação central que deve ser abordada de forma proativa e colaborativa por todas as partes interessadas. Somente assim poderemos colher os seus benefícios e garantir a segurança e a confiabilidade do sistema financeiro digital do futuro.

(*) Engenheiro de sistemas e diretor da Smart Solutions, distribuidora brasileira de solução antifraude e de cibersegurança.