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Diálogos autênticos

em Opinião
terça-feira, 26 de setembro de 2017

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

Os desentendimentos se ampliam. A grande dificuldade das negociações está no aspecto diplomático de falta de autenticidade.

Fala-se muito e as palavras têm pouco valor, mesmo quando escritas em acordos assinados. Vivemos a grande crise de confiança e credibilidade decorrente da falta de verdade entre os seres humanos. Fica difícil para os homens negociarem a paz e o equilíbrio nas relações, seja internamente em um país, ou entre países.

Os presidentes são todos provisórios, pois ao fim do mandato deixam de sê-lo; o mesmo deveria ocorrer com os representantes do legislativo que sempre conseguem se manter na gestão viciada e corrupta. Em vez de zelarem pelas contas internas e externas, empregos e boa educação, permitem que tudo se fragilize, promovendo a decadência geral.

Intervenção militar com imposição de governo forte, que precisa de força para se manter no poder e dominar os livres e responsáveis anseios da população, sempre tem sido danosa. Com a classe política, que loteou tudo para benefício próprio, o país retrocedeu muito. A alma brasileira está doente, pois parou de ansiar pelo bem geral. Há imoralidade para todos os lados que olharmos, uma contaminação maléfica de difícil combate. Estamos numa encruzilhada, mas fizemos por merecer coisa melhor? Falta uma forte vontade da população para restabelecer a seriedade e a ordem.

A cada dia, mais sombrio se torna o futuro do Brasil endividado. Sem disciplina, sem ordem, sem vontade de aprender, a nova geração preocupa. A degradação chega junto com as drogas que leva à sexualidade irresponsável e embrutecida. Enquanto isso, em Brasília, em ambientes caros, cheios de artificialismo, o que interessa é dinheiro e poder, não o país para ser governado na direção do progresso e do aprimoramento da espécie humana.

É preciso começar de baixo, das prefeituras perdulárias e com pouco discernimento que gastam uma enormidade com as câmaras de vereadores, e daí a ineficiência e corrupção caminham para os governos estaduais e avançam sobre Brasília. É preciso controlar as contas, produzir, ter empregos para consumir, ter seriedade e visão de longo prazo. Vivemos uma fase difícil, faltam diálogos sinceros e convivência pacífica. Donald Trump e Kim Jong un, duas cabeças iguais por fora, mas e o conteúdo, como funcionam os cérebros desses líderes dos EUA e Coreia do Norte respectivamente? Se faltar clareza, serenidade e bom senso o risco será de todos nós.

As guerras não começam por acaso; cria-se um estopim. Sempre há um motivo forte de cobiça por recursos naturais e poder, agravado pelos continuados pensamentos de guerra, ódio, violência, que vão se condensando para despejar seu veneno sobre a humanidade. Se em vez disso os pensamentos fossem nobres, voltados para o bem, bênçãos desceriam do céu.
Entre todos os problemas enfrentados pela humanidade, da pobreza aos conflitos violentos em nome da posse de recursos naturais, grande parte deles se deve à explosão demográfica e à falta de preparo para a vida, incluindo perdas no meio ambiente, espécies em extinção e caos climático. Tudo isso, entretanto, é ignorado pelos responsáveis pela criação de melhores políticas e que também não cuidam de orientar a população.

A Terra foi dotada de tudo para assegurar a sustentabilidade da vida e a evolução do ser humano. Ele deveria ter buscado as leis naturais que regem a vida, respeitar, adaptar-se, contribuir para o beneficiamento geral e embelezamento. Mas com imediatismo, agarrou-se ao transitório, ao poder e riqueza, inventou o dinheiro e o crédito, passou a viver para acumular riqueza.

Desconhecedor, o homem não quis ver as consequências destrutivas de sua sintonização materialista. Não quer ver seu erro em sua trajetória, não corrige e vai perpetuando a desintegração.

(*) – Graduado pela FEA/USP, realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). É autor de: Nola – o manuscrito que abalou o mundo; 2012…e depois?; Desenvolvimento Humano, entre outros. E-mail: ([email protected]) e Twitter: (@bidutra7).