Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
O desrespeito à lei do equilíbrio tem sido a norma geral. Todos se julgam no direito de receber, poucos reconhecem o dever de retribuir.
Um problema que começa nas famílias e se alastra pelas escolas, empresas, governos e países. Estamos numa época em que os efeitos se multiplicam aceleradamente, tumultuando as relações. Se não houver negociações sérias e sinceras, tudo tenderá ao colapso em escala global. No Japão, desde cedo as crianças aprendem a retribuir para continuar recebendo. Desde pequenos os alunos são incumbidos de cuidar da limpeza da escola.
No Brasil, temos o oposto, o que é reforçado pelos devassos e inúteis programas de TV, e pelos filmes que são verdadeiras academias de crimes. Que formação estamos dando às novas gerações? Que futuro esperar?
Desde longa data o Brasil vive situação de dependência, a começar pelo dólar, questão que deveria ter sido mais bem ordenada pelo FMI a fim de que muitos desequilíbrios fossem evitados. É algo que precisa ser encarado com realismo para que sejam encontradas soluções adequadas. Quem não atenta para as consequências da globalização e não desenvolve mecanismos de defesa, decai, fica sem espaço, não aumenta as exportações, fragiliza a indústria e o mercado interno, ambos conquistados a duras penas com diminutas melhoras na renda da população.
No exterior, onde se emite moeda forte, há muita liquidez e juros negativos. Aqui, o país tem permanecido sempre de pires na mão diante dos desequilíbrios não saneados por administradores corruptos com sede de poder. A crise atual está turbinando a instabilidade e suas sequelas estão nos deixando sem rumo. Já enfrentamos a crise da dívida externa por duas décadas, com inflação destruidora.
Câmbio valorizado. Indústria sem bases. População sem o preparo adequado. Agora estamos diante de uma complicada instabilidade política que ameaça parar tudo. A guinada no poder não é suficiente, a turma que vai assumir o comando precisa mostrar logo a que veio e agir em beneficio do país e sua população.
No Brasil, as armadilhas das drogas começam com cigarro e bebida, bem divulgados em filmes e novelas, influenciando jovens e adultos; depois não se sabe até onde vai a busca pelas drogas. Importa entender por que muitos seres humanos se entregam ao vício, mesmo sabendo das maléficas consequências causadas ao corpo e ao cérebro e que aniquilam a parte humana. Gastar dinheiro numa séria pesquisa sobre isso poderia oferecer alguma compreensão e solução. Estamos decadentes também no futebol. As novelas mantêm as mentes ocupadas para que não pensem na vida e seu significado.
Coragem e seriedade são os valores que o Brasil precisa para sair da lama em que se encontra. Os jovens estão descontentes, não entendem a vida, estão preocupados com as incertezas do futuro e dos poucos empregos disponíveis, castradores no entender deles, pois têm muito apreço pelo tempo que dispõem. Uma nova era de progresso requer uma nova escola que posicione os alunos em relação à vida e sua transitoriedade na matéria, orientando-os para que alcancem o máximo do seu potencial.
Tomarão conhecimento da trajetória do ser humano na Terra e perceberão enfim, por quais razões nos deixamos aprisionar por teorias falsas e por superestímulos que invadiram as mentes com medo e inquietação. Com base nessa consciência, os jovens sairão fortalecidos para buscar corajosamente se libertarem e alcançar a saúde psíquica, a paz e a felicidade.
(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel e é associado ao Rotary Club de São Paulo. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). Autor dos livros: Nola – o manuscrito que abalou o mundo; O segredo de Darwin; 2012…e epois?, entre outros
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