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Cooperativismo financeiro: alternativa para o desenvolvimento do país

em Opinião
terça-feira, 21 de julho de 2015

Leo Airton Trombka (*)

Nos últimos anos, mais especificamente desde 2009, com a crise econômica mundial, o cooperativismo financeiro tem experimentado um crescimento acentuado

O aumento contínuo no número de associados, nos pontos de atendimento, nos depósitos, nos empréstimos, na prestação de serviços e na estrutura patrimonial mostra que cada vez mais as pessoas estão escolhendo uma empresa cooperativa como apoio à sua vida financeira. Como resultado, vemos que nos últimos cinco anos este setor quase triplicou de tamanho, enquanto o sistema financeiro tradicional cresceu pouco mais de duas vezes no país.

Fruto do cenário econômico adverso que nosso país vive atualmente, a concorrência do sistema financeiro tradicional vive uma realidade de retração no crédito gerando, por isto mesmo, uma expressiva oportunidade para o setor financeiro cooperativo. É importante ressaltar que no modelo financeiro cooperativo, não se visa ao lucro e todos os cooperados são donos. Assim, apresenta uma liquidez o que o torna mais resistente às crises do que os outros modelos de empresas.

Em períodos recentes, de semelhantes adversidades no âmbito econômico, as cooperativas financeiras conseguiram dar um salto significativo em sua expansão, demarcando assim, um dos seus principais diferenciais. Se estabelecermos termos comparativos entre o sistema financeiro tradicional e o cooperativo de crédito constataremos que, de 2008 a 2014, o crescimento médio anual da cooperativa foi significativamente maior.

Crescemos 23% em Ativos, 22% em operações de crédito e 26% em Depósitos totais, contra 11%, 11% e 3% respectivamente. Já se considerarmos apenas 2014, o conjunto das 1.139 cooperativas financeiras (com suas respectivas Centrais, Confederações e bancos) cresceu 22% em Ativos, atingindo 202 bilhões de reais, acima da média do Sistema Financeiro Nacional que foi de 14% no ano passado. Isso é muito próximo do crescimento de 20% nos Depósitos e dos 18,5% observados nas operações de crédito, onde as carteiras atingiram R$ 97 bilhões e R$ 89 bilhões respectivamente.

Já no consolidado do Sistema Financeiro Nacional, o crescimento foi de 4,7% no volume de depósitos e de 12,5% nas operações de crédito. Ainda temos uma participação pequena no Marketing Share das instituições financeiras brasileiras, de 2,70% no que se refere a Ativos Totais, 4,90% nos Depósitos e 2,90% nas Operações de Crédito, certamente por sermos um país de cultura capitalista.

No entanto, se analisarmos esta participação nos últimos anos veremos que ela vem num crescendo. Assim os depósitos passaram de 1,9% em 2008 para 4,9% em 2014 em participação no SFN e as operações de crédito de 2,42% para 2,90% com uma evolução de 334%.

E aí cabe uma reflexão: o aumento dos depósitos mostra que, uma vez conhecendo o sistema cooperativo, o usuário adquire confiança e demonstra isso depositando nele a sua poupança. Por outro lado, gradativamente vem tomando ciência das vantagens de tomar empréstimo em sua cooperativa pelas vantagens competitivas que ela oferece.

Os dados expostos, portanto, mostram que o crédito cooperativo constitui uma excelente alternativa que age como mola propulsora do desenvolvimento econômico, tanto no presente quanto no futuro, um futuro que prioriza a pessoa antes do capital – e essa é a essência do Cooperativismo.

(*) – É presidente do Conselho de Administração da Unicred do Brasil.