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Como trazer a educação do futuro para o presente?

em Opinião
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Claudio Sassaki (*)

Conhecer o passado para compreender o presente e idealizar o futuro.

A frase, creditada a Heródoto, encaixa-se perfeitamente em uma elaboração mais crítica dos alicerces da educação no país. O embrião do ensino no Brasil data de 1549 e tinha por foco a catequização conduzida pelos primeiros jesuítas que desembarcaram na Bahia. Dois séculos depois, a tecnologia começou a dar as caras na educação brasileira.

Assim como nos Estados Unidos, no Brasil foi o ensino superior quem primeiro contou com os benefícios dos potentes processadores de dados. O debate sobre uso de computadores no processo de ensino-aprendizagem foi protagonizado pela Universidade Federal de São Carlos que discutia, em 1971, o uso da nova tecnologia para ensinar Física.

A movimentação em favor da inclusão das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no ambiente de aprendizagem foi coerente com o momento: na década de 1990 que houve a massificação dos computadores, que passaram a dominar o cotidiano. De lá para cá, a forma de ver, se comunicar e interagir com o mundo, virtual e físico, é outro. Hoje devemos pensar – pais, educadores e toda a comunidade escolar – qual formação queremos garantir para os jovens.

Se queremos promover os desenvolvimentos necessários à realização pessoal, à cidadania ativa, à inclusão social e ao emprego, precisamos pensar nas demandas do futuro que já estão presentes. Para trazer a educação do futuro para o presente, devemos trabalhar para educar uma nova geração de brasileiros autônomos, críticos, inovadores, capazes de se reinventarem diante das novas demandas e das rápidas transformações mundiais.

E isso passa pelo uso da tecnologia dentro da sala de aula, mas dentro de um contexto de intencionalidade pedagógica. Não podemos correr o risco de ensinar conteúdos que ficarão obsoletos; buscamos ensinar o aluno a aprender cada vez mais.
Na minha análise, para trazer a educação do futuro para o presente temos que desmistificar a noção de que a tecnologia desumaniza; ao contrário, ela possibilita que o professor foque no que realmente importa, porque traz tempo, dados e possibilidades de personalização.

Além disso, pode habilitar aprendizagens ativas e significativas. O fato é que as escolas têm sentido o peso do tempo. O desafio educacional proposto pelo século XXI tem sido pautado pela urgência de formar cidadãos preparados para lidar com complexidades de um contexto no qual a tecnologia avança de maneira exponencial. E, cabe aqui, destacar que o Colégio Avance está sendo pioneiro, em Tangará da Serra, nesse processo inovador.

Neste cenário e diante da impossibilidade de prevermos as profissões que surgirão na próxima década – 85% das profissões que teremos em 2030 não existem hoje, de acordo com a Dell Technologies –, educadores e pais vivenciam a demanda de formar indivíduos críticos e colaborativos, capazes de compreender o ambiente local, regional e até internacional para criar formas para impactar positivamente a sociedade.

Despertar no aluno o gosto por aprender continuamente e desenvolver uma grande capacidade de adaptação são habilidades que estão no cerne de profissões que ainda nem existem.

Levantamento da Fundação Instituto de Administração (FIA) – que aponta as 45 profissões do futuro – traz atividades como advogado especialista em proteção de dados; analista de Big Data; analista de comunicação com máquinas; analista de ética; atendente virtual de pacientes; cientista de dados; consultor (agricultura urbana, de entretenimento pessoal, espiritual, financeiro de criptomoeda); designer instrucional…

Esses são apenas poucos exemplos de profissões que nossos jovens vão exercer. E para as quais devemos, pais e educadores, prepará-los. Sentiu o peso da responsabilidade?

(*) – É mestre em Educação pela Stanford University e cofundador da Geekie, empresa referência em educação com apoio de inovação no Brasil e no mundo.