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Como me tornar mais criativo?

em Opinião
quarta-feira, 07 de agosto de 2019

Marília Cardoso (*)

Você se considera criativo? Muitas pessoas pensam que criatividade é um dom especial que poucos tem.

Outros acham que se tornam mais criativos quando trabalham sobre pressão, remetendo àquele velho ditado de que a necessidade é a mãe da criatividade. Há os que pensam que criatividade é um processo solitário. Que competir é melhor do que colaborar, com aquele receio de ter a sua ideia “roubada” por alguém.

Além de todos esses equívocos, ainda existem algumas crenças pessoais e limitantes que prejudicam os processos criativos. Um dos mais comuns é o medo da crítica. Com receio de virar alvo de piadas dos colegas, muitos acabam guardando para si ideias que poderiam ser muito valiosas. O medo de errar e o conservadorismo extremo fazem com que não haja ambiente fértil para a proliferação da criatividade.

Outro erro comum é a rejeição prematura. É o famoso “Não!”, que surge muito antes da lapidação das ideias. Por outro lado, a satisfação prematura também pode ser uma armadilha. Se apaixonar por uma ideia logo de cara faz com que ela fique limitada, sem espaço para novas ramificações. Bem, acho que você já percebeu que a criatividade, assim como a inteligência, não é algo nato ou imutável.

Diversos estudos na neurociência já comprovaram que é possível se tornar mais criativo ou inteligente. Tudo depende do quanto nós nos desafiamos. Mas, o que é preciso fazer para se tornar uma pessoa mais criativa? Vários estudiosos do assunto começam a responder essa pergunta a partir dos chamados bloqueios mentais. São as crenças que nos fazem acreditar que as coisas são como são.

Talvez, o maior bloqueio da criatividade seja a chamada “resposta certa”. Desde pequenos, aprendemos que há apenas uma resposta certa e é ela quem separa as pessoas entre vencedoras e fracassadas. No entanto, quando você acredita que há apenas uma única resposta certa, você ignora todas as outras possibilidades.

Infelizmente, as escolas e seus gabaritos acabam com a espontaneidade e a criatividade da criança. Inclusive, se você quiser se aprofundar nesse assunto, sugiro assistir ao TED de Ken Robinson, autor do livro Libertando o oder criativo. Robinson é um profundo crítico do modelo escolar atual. Outro bloqueio criativo é buscar lógica em tudo. A vida é cheia de ambiguidades e contradições. Portanto, é limitado o número de coisas que podem ser pensadas apenas de forma lógica. Somos doutrinados a seguir as normas.

Na pré-escola, nos ensinam que não podemos pintar fora do contorno. Receosos por punições, obedecemos sem nem ao menos questionar ou procurar saber o motivo. Outro bloqueio mental que prejudica a criatividade é a mania que temos de ser práticos e objetivos para tudo. Temos pressa e queremos os melhores resultados no menor período de tempo. Esse hábito certamente não favorece a criatividade.

Por fim, talvez o bloqueio mais limitante: o medo de errar. Numa sociedade que só valoriza os acertos e as vitórias, o erro é algo a ser duramente punido. No entanto, Thomas Watson, fundador da IBM, dizia que “o segredo para o sucesso é dobrar a sua taxa de erros”. Para inventar a lâmpada, Thomas Edison encontrou outras 1.800 maneiras de como não criá-la.

A inovação é feita de tentativa e erro e, se o erro for punido e evitado a qualquer custo dentro das organizações, certamente a criatividade também será limitada. Cuide para não deixar isso acontecer!

(*) – É jornalista, com pós-graduação em Comunicação Empresarial, MBA em Marketing e pós-MBA em inovação. É sócia-fundadora da PALAS, consultoria de inovação e gestão (www.gestaopalas.com.br).