Eduardo Shinyashiki (*)
Ao longo da vida, nos deparamos com diversas situações difíceis que nascem da convivência com as pessoas, como o estresse no trabalho e a crise no relacionamento.
Esses momentos podem gerar diferenças entre valores, crenças, interesses e objetivos e tornam-se conflitos quando cada indivíduo envolvido tenta impor o seu ponto de vista, sem ouvir e sem respeitar a outra parte. Para entender melhor o que o conflito representa, vamos analisar a origem da palavra: no latim, confligere é composto por “com” e “fligere”, que significa “combater, estar em desavença, golpear, atacar” – ou seja, evoca um conceito negativo de guerra e agressividade.
Porém, o termo também possui outro significado, bem mais positivo, de “fazer encontrar”. Ao avaliar esse último ponto de vista, podemos considerar que é, sim, possível se aproximar positivamente de um conflito, respeitar as diversidades e transformar o momento em um recurso, em vez de um confronto. Assim, é possível criar uma evolução e a abertura ao novo. Tudo depende das estratégias utilizadas para resolver os problemas.
Mas será que essas táticas são construtivas e de cooperação para, assim, se chegar a uma solução compartilhada? O primeiro passo é entender que o seu ponto de vista é diferente do outro. Cada ser humano interpreta a realidade conforme suas crenças, experiências, educação e convicção. Então, lembre-se: antes de querer ser compreendido, compreenda o outro.
A próxima etapa é avaliar os três pontos de vista: a primeira posição é referente à própria realidade, aos próprios sentimentos, valores, às crenças e a como enxergar o mundo – é “como eu lido com o conflito”; a segunda posição refere-se à perspectiva da outra pessoa, a “como o outro percebe essa situação”; por fim, a terceira posição é a do observador, é o olhar objetivo da interação entre a primeira e a segunda posições.
Nesta fase, é preciso esquecer por um momento o que você quer e olhar para a situação de forma mais distanciada e sem julgamentos.
Após entender as três ações mencionadas acima, é necessário compreender as posturas corporais do outro. Identificar a forma como ele se comunica permite uma ampla e correta avaliação da situação, para reorganizar ou corrigir os comportamentos, redirecionar ações, solucionar conflitos e chegar a um resultado desejado.
Treine a forma de olhar a vida e as situações de pontos de vista diferentes, para desenvolver uma visão mais aberta e observar os problemas de diferentes perspectivas e ângulos. Quando olhamos o mundo com novos olhos, mudamos velhos julgamentos, enriquecemos o nosso cérebro com novas experiências, a mente se abre e, assim, os comportamentos automáticos e repetitivos se transformam.
Também é fundamental desenvolver a capacidade de lidar com as emoções (tanto as próprias quanto as dos outros) de maneira apropriada, sem se deixar dominar por elas, mantendo o autocontrole e o equilíbrio. Algumas questões ajudam a fazer a autoanálise: “quando eu enfrento um conflito, o que é importante para mim?”; “quais são as minhas intenções?”.
Para controlar as próprias emoções, um recurso simples e eficaz é a respiração. Na sua rotina, faça 20 respirações conectadas: respire pelo nariz, de forma mais lenta e profunda que o normal, com expansão torácica e abdominal. Fazer esse exercício uma ou duas vezes ao dia ajuda a desenvolver uma maior consciência corporal.
Para estar preparado a lidar com as divergências, permita utilizar e colocar em prática essas atitudes, pois qualquer habilidade precisa ser treinada e repetida para se tornar natural.
O ponto não é evitar o conflito, fechar os olhos para a realidade, mas saber como geri-lo de forma eficaz e produtiva.
(*) – Mestre em neuropsicologia, liderança educadora e especialista em desenvolvimento das competências de liderança organizacional e pessoal, é referência em ampliar o poder pessoal e a autoliderança das pessoas (www.edushin.com.br).