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Como a tecnologia pode mudar o futuro das florestas (e o nosso)

em Opinião
quinta-feira, 23 de março de 2023

Aluisio Veloso (*)

Todos os anos somos bombardeados com notícias sobre incêndios florestais.

Essa não é só uma questão para o Brasil, mas atinge todos os continentes e causa danos irreparáveis para toda população do mundo. Só no ano de 2022, de acordo com os dados divulgados pelo Inpe, até o mês de setembro, já haviam sido registrados 64 mil focos de incêndio no bioma.

Ainda de acordo com o estudo do Inpe, os números de 2021 (quando, ao todo, foram registrados 75.090 focos) já vinham sendo superados desde o útimo mês de maio no Brasil. Além disso, segundo relatório divulgado no último mês de julho pelo Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), incêndios já haviam devastado 517.881 hectares na Europa desde o início de 2022.

As origens dos incêndios podem ser diversas. Entre as principais causas, temos: descargas elétricas ocasionadas pela queda de raios, combustão espontânea de fibras de algodão, produtos químicos ou pólvora, além de outras causas que ocorrem no período seco e são decorrentes da ação humana, que pode ser acidental ou intencional. Independentemente de sua causa, os incêndios trazem mais do que a destruição dos biomas naturais e morte da fauna.

Eles atingem diretamente o equilíbrio dos ecossistemas, mudanças no solo e na qualidade do ar e água, diminuição da biodiversidade, efeito estufa e aquecimento global. Obviamente, há grandes desafios no controle dos incêndios, seja por conta de falsos alertas, pela extensão territorial brasileira e até mesmo pela demora na detecção e chegada das equipes ao local.

Mas, hoje, com o avanço da tecnologia, podemos contar com diferentes soluções e ferramentas, que ajudam a minimizar estes impactos, reduzindo custos e chegando a resultados mais assertivos.

Por exemplo, com a Internet das Coisas (IoT), Video Analytics e a Inteligência Artificial (AI), podemos minimizar falsos positivos e gerar alertas assertivos ao centro de controle, além de permitir o monitoramento 24 horas por dia das florestas, reduzindo o tempo de resposta, os impactos aos ativos e ao meio ambiente e, principalmente, aumentando a produtividade e eficiência das equipes de campo.

Outro ponto de extrema importância é a questão da conectividade – e não só pela rede, já que estamos falando de áreas, muitas vezes, inalcançáveis.

Contar com soluções que trabalhem sem a necessidade de uma grande rede e que ofereçam inteligência na ponta faz toda a diferença para as equipes, já que estas ferramentas funcionam de maneira mais autônoma, realizando o monitoramento 24 horas, analisando os dados e contribuindo para a tomada da melhor decisão.

Grande parte dos incêndios, que acompanhamos com cada vez mais frequência pelos noticiários, poderiam ser evitados com maior vigilância e ações coordenadas para o seu combate na floresta. Uma das formas mais eficazes de combater os focos de incêndio é conseguir prevê-los com antecedência. Assim, é possível direcionar as ações de prevenção ou mitigação dos danos.

Com esse tipo de recurso, diversos órgãos responsáveis pelo monitoramento e fiscalização ambiental podem obter maior eficiência e agilidade nas tomadas de decisão, reduzir custos com recursos humanos e infraestrutura para o trabalho de fiscalização em campo, melhorar a organização dos diversos tipos de dados utilizados e, ainda, fazer uso de diferentes tipos de tecnologias que forneçam confiabilidade nas informações, entre muitos outros benefícios para nossas florestas e nosso planeta como um todo.

Com certeza ainda temos um longo caminho pela frente, principalmente, quando falamos de um país com extensão continental e desafios de conectividade, mas sabemos que a integração entre o mundo digital e físico é o caminho para o desenvolvimento e combate aos incêndios.

(*) – Graduado em Tecnologia em Gestão Comercial pelo Centro Universitário UNA, com MBA na Unicamp, Fundação Dom Cabral e Johns Hopkins University, é Head de Phygital da Minsait no Brasil.