Lucas Fonseca (*)
O conceito de aprender, desaprender e reaprender está revolucionando as nossas relações pessoais e também de trabalho.
Se antes a ciência acreditava que o cérebro não seria capaz de gerar novas células, hoje esse conceito está mais do que ultrapassado. A partir dessa nova perspectiva que está sendo chamada de neuroplasticidade – capacidade do cérebro de se moldar, modificar, ajustar e se adaptar a novas situações – temos muito mais chances de ter sucesso na vida pessoal e profissional.
O tempo todo, o nosso cérebro constrói novos caminhos neurais e está exposto a informações e insights. Usando essa capacidade, somos capazes de aprender com os próprios erros, ressignificar situações, aperfeiçoar uma nova competência, um talento desconhecido e, a partir disso, desenvolver novas maneiras para alcançar um resultado melhor.
Mas, para tanto, precisamos criar uma série de estímulos, ou então ficaremos presos a velhos hábitos. Se você deseja desenvolver sua capacidade de reaprender é preciso se colocar em um estado mental e físico que seja receptivo para novas experiências.
Para despertar essa capacidade, você precisa ter consciência do que quer e do que não quer para a sua vida. A partir daí, o primeiro passo para começar a desenvolver a neuroplasticidade é aprender com as suas emoções. Voltar a um estado de conexão consigo mesmo é a chave para desaprender antigos hábitos e programar novos.
Infelizmente, logo na infância, nós somos desestimulados a experimentar os sentimentos ruins, o que nos afasta desse estado de autoconhecimento. Nossa cultura nos cobra sucesso e felicidade de maneira irreal, como se o estado de alegria devesse ser permanente. Reaprender a experimentar e reconhecer os dessabores da vida é um ponto de partida para quem deseja aguçar a plasticidade do cérebro.
Depois disso, basta você saber onde colocar sua energia: em criar ou desfazer aquilo que seu cérebro está pronto para receber. Viver conduzido por ações inconscientes do seu cérebro é como perder o seu poder de escolha. Nós podemos mudar o nosso cérebro todos os dias e, com isso, mudar a nossa vida a qualquer hora.
Reprogramar as atitudes e instalar novos padrões de comportamento é um hábito. Portanto, requer tempo e disciplina. As primeiras mudanças costumam ser temporárias e só vão fixar na memória depois de exaustivamente praticadas. A cada aprendizagem, o cérebro reforça as conexões úteis e tende a eliminar as que não foram utilizadas no momento. Isso significa que as ligações que não são relevantes devem ser apagadas.
No entanto, se a ideia é adicionar novos comportamentos, habilidades e aprendizagens, é indispensável ser vigilante para os hábitos que estão sendo criados. Afinal de contas, não queremos criar comportamentos destrutivos. O objetivo é usar essa característica do cérebro como uma ferramenta para o sucesso. Por isso, o conceito de aprender, desaprender e reaprender precisa ser uma constante.
No âmbito profissional, as empresas podem auxiliar seus colaboradores no desenvolvimento da neuroplasticidade. Os benefícios para o mundo corporativo são incontáveis. Ao promover um ambiente para o desenvolvimento intelectual, as pessoas tendem a gerar inovações. Assim, as empresas extraem o melhor de cada funcionário.
Nesse sentido, a neuroplasticidade é um grande presente que recebemos da natureza. Ela é uma ferramenta capaz de desenvolver o nosso máximo potencial. Por isso, a educação corporativa surge como uma opção capaz de dar um start para esse processo. Um ambiente dinâmico, flexível, inspirador, que promova a troca de experiências entre os colaboradores são elementos que também fazem parte dessa equação.
(*) – É palestrante motivacional formado em administração de empresas com especialização em coaching. Fundador do Instituto Lucas Fonseca, criou a metodologia Mindset de Alta Permormance (http://lucasfonseca.com.br).