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Como a liderança pode tornar equipes mais confiantes e produtivas

em Opinião
terça-feira, 02 de março de 2021

Richard Vasconcelos (*)

Por muito tempo acreditou-se que liderar era apenas trazer bons resultados.

Entretanto, os que ocupam uma posição de liderança nos dias de hoje sabem que apenas os números não são suficientes para ser considerado um bom líder. Fatores intangíveis como respeito, inspiração e propósito possuem um peso igual, senão maior, dentro de uma equipe ou empresa. Entretanto, equilibrar a performance com a motivação pode se apresentar mais complexo do que parece.
Uma boa diretriz a ser seguida e estudada para a consolidação de uma liderança assertiva é a já conhecida Teoria Dos Dois Fatores, desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Frederick Herzberg. Nela, o pensador aborda a situação de motivação e satisfação das pessoas contraposto aos fatores que causam insatisfação dentro de um ambiente de trabalho.
O psicólogo credita a insatisfação no trabalho ao que chama de fatores higiênicos, aqueles que não são controlados diretamente pelos colaboradores, como salários, gestão, condições de trabalho, etc. Já a satisfação, o norte-americano afirma estar relacionada aos fatores motivacionais, como realização profissional, desenvolvimento, responsabilidade e reconhecimento. Se em tempos normais, colocar tais pensamentos em prática já se apresentava um desafio, como então fazer isso durante uma pandemia global?
Em um momento em que a maioria das empresas oferece o trabalho remoto como o modelo padrão, é imprescindível que o líder esteja mais próximo de sua equipe. Ter conversas semanais, entender as dificuldades e encontrar mecanismos para reformular e redirecionar de forma positiva o andamento dos projetos é primordial para que todos continuem motivados e aplicados para realizar as suas demandas.
Além disso, evitar a todo custo o microgerenciamento, ou seja, quando um colaborador é questionado constantemente sobre o andamento das coisas, pode ser um ponto crucial para o bem-estar da equipe. Por mais que o trabalho remoto não dê a mesma visibilidade do que o presencial, é essencial que os colaboradores sintam que possuem a confiança dos seus líderes para completar suas tarefas, o que fomenta um sentimento grande de realização dentro do ambiente corporativo.
Ainda dentro da Teoria Dos Dois Fatores, também faz parte de uma boa liderança amenizar os chamados fatores higiênicos, os que estão fora do controle da equipe. Primeiramente, as condições de trabalho que a pandemia gerou faz com que os gestores tenham que pensar em princípios básicos, como bem-estar físico. Oferecer boa cadeira e uma mesa adequada para o colaborador executar suas tarefas, uma linha telefônica e internet de boa qualidade, entre outras coisas que possam parecer detalhes possui mais relevância do que parece.
Só quem ficou com dor no pescoço ou quem se estressou com instabilidade na conexão de internet sabe o quão desgastante um dia de trabalho remoto pode ser, o que, consequentemente, impacta na performance diária. Entender qual o espaço físico que os colaboradores possuem, saber se a conta de luz e internet aumentaram e oferecer suporte necessário igualmente para todos, sem dúvidas, motivará o time.
Além disso, é importante que se tenha em mente que, caso os líderes não tenham um olhar mais humano, o colaborador pode desenvolver problemas pessoais que irão gerar um efeito dominó dentro do ambiente corporativo. Cabe à empresa e aos gestores observarem e não ignorarem de forma alguma esses fatores. Vivemos em tempos em que a única certeza é a incerteza.
Por isso, as companhias que ainda seguem a cultura ultrapassada das décadas passadas, em que colocam as marcas à frente dos colaboradores, tendem a ter uma performance cada vez mais impactada no final do dia. Assim, uma gestão humanizada, que faça com que as equipes sintam que são reconhecidas e que expresse claramente que cada indivíduo tem seu valor trará não somente o respeito, mas também os melhores resultados que os funcionários podem oferecer.

(*) – Mestre em Tecnologias Educacionais pela University of Oxford, é CEO da LEO Learning Brasil, uma das principais empresas de educação corporativa digital (http://leolearning.com.br/).