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Auditoria em mares turbulentos

em Opinião
quinta-feira, 11 de junho de 2020

Fábio Pimpão (*)

É preciso agir com respostas rápidas e eficazes.

O alerta vem dos resultados da recém divulgada pesquisa do ‘The IIA, The Institute of Internal Auditors’ – a principal organização mundial de auditoria interna – que realizou um estudo minucioso sobre o impacto da Covid-19 na profissão. Por mais que as empresas em todo mundo considere a atuação de auditores fundamental em suas organizações, os desafios serão imensos – será preciso fazer mais com menos, utilizando-se das habilidades do perfil versátil e multifuncional desses profissionais.

Dados mostram que 25% dos auditores foram redirecionados para outras áreas, como consultoria, suporte ao business e mapeamento de controles. Cerca de 1/3 dos departamentos tiveram orçamentos reduzidos e 20% das empresas entrevistadas enxugaram seus quadros de colaboradores. Proatividade sempre foi uma marca dos auditores internos e é preciso utilizar a visão holística que possuímos das organizações em que atuamos para mostrar nosso real valor. Mais do que nunca, as empresas precisarão de folego para sobreviverem, pois o que quebra um negocio é o caixa, e não o resultado!

Os riscos ligados à pandemia precisam ser detalhados para todas as áreas estratégicas. Cabe ao auditor atuar no auxílio de temas como redução de estoques desnecessários, de itens pendentes a longa data e no contas à receber. Deve apoiar também nas negociações do prazo médio de pagamento de fornecedores e na aplicação de vários recursos tecnológicos que podem ser realizados remotamente nesse momento, a fim de auxiliar a alta administração na tomada de decisão. É a hora de aparecer e não de se esconder.

Os auditores estão sendo pressionados para ajustarem seus orçamentos com viagens, redução de equipes, treinamentos etc. Infelizmente não existe uma fórmula mágica. As áreas de auditoria fazem parte da linha de resultado chamada SG&A (ou Despesas Administrativas de Vendas e Gestão). Logo, é uma linha não relacionada ao custo do produto e não produz um retorno facilmente tangível. É preciso que o auditor seja capaz de preparar um plano, em linha com a real necessidade da sua companhia.

Outro redirecionamento que a pandemia tem causado nas organizações é o deslocamento de auditores para atuarem como consultores. É preciso que seja equalizada a atividade de avaliação (Assurance) com a Consultoria, e esta última deve ser realizada apenas se for garantido ao profissional uma atuação absolutamente independente. Nesses tempos desafiadores, o auditor se transformará em um real parceiro de negócios.

A pressão por ajustes no orçamento está ocorrendo em todas as áreas, principalmente as operativas, que precisam de melhores resultados. Cabe ao auditor interno ampliar suas análises técnicas e, com uso de Big Data e de Inteligência Artificial, focar a atenção no que diz respeito a ajustes de provisões, reconhecimento de receita e despesas identificadas, em períodos incorreto. São riscos que necessitam imensos cuidados.

E esses riscos só conseguirão ser mitigados ou, ao menos, minimizados, com o auxílio do Analytics – sistemas que oferecem rastreamento e análise de informações com uso de robótica. As áreas de auditoria não precisam ter um batalhão de auditores para entregar o resultado. Existem várias ferramentas gratuitas na internet, capazes de contribuírem com soluções relevantes, sem que hajam aportes de investimentos nesse momento. Basta proatividade, pensamento crítico e inventividade.

Jamais o auditor interno navegou em águas tão vorazes e repletas de perigo. O termo ‘gerenciar riscos’, que é um mantra na profissão, passou a ser um das mais aclamadas necessidades para empresas de todo o planeta. Mais do que nunca a auditoria precisa mostrar sua força e ascender luzes de resiliências dentro das organizações. Seguramente, temos o perfil para essa missão.

(*) – É vice-presidente do Conselho de Administração do Instituto dos Auditores Internos do Brasil ([email protected]).