Jorge Santos Carneiro (*)
A pandemia acelerou o ritmo das coisas e avançamos pelo menos duas décadas nesses últimos meses.
Mas a verdade é que esse tem sido o curso natural na economia atual. A velocidade da inovação está maior do que nunca. Para se ter uma ideia, segundo a IBM, 90% dos dados do mundo foram produzidos nos últimos 10 anos. E o ritmo continua veloz: de acordo com o IDC, o volume de dados dobra a cada dois anos, o que nos traz muitas oportunidades. Mas como detectar essas possibilidades e estar preparado para aproveitá-las em um mundo que está em constante mudança?
Um ponto importante é compreendermos que buscar o conhecimento será a única maneira das pessoas se manterem ativas e se reinventarem. Na Era Digital, as inovações são superadas rapidamente. O que é relevante hoje, pode estar ultrapassado amanhã. Faz parte do jogo. Uma pesquisa do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (PISA), apontou que aproximadamente 40% das ocupações descritas como ‘empregos dos sonhos’, por jovens de 15 anos, possivelmente serão automatizadas nos próximos 10 a 15 anos.
Outro estudo da Mckinsey indica que até 2030, até 40% dos trabalhadores, em países desenvolvidos, podem precisar mudar de ocupação ou atualizar as suas habilidades. A boa notícia é que muitas outras profissões serão criadas – fora as muitas que vimos despontar na última década, como por exemplo: analista de mídias sociais, profissionais de SEO, especialista em cibersegurança, entre outros. O Fórum Econômico Mundial identifica que a tecnologia está presente nas principais oportunidades de novas ocupações profissionais. Mas não só elas.
Um aspecto que se destaca é o fator humano e social, principalmente na necessidade de relacionamento interpessoal, produção de conteúdo, habilidade para interpretação e atendimento. O fator-chave nesse cenário é reaprender a aprender. Buscar o aprendizado contínuo engloba estar aberto ao novo o tempo todo. Conhecimento nunca é demais, e não atualizá-lo nos mantém estagnados ao que aprendemos. Lembra que o mundo está mudando rapidamente e ninguém quer ficar no mesmo lugar para sempre, não é mesmo?
Para isso, primeiro, precisamos aceitar que a mudança é uma constante. Assim eliminamos um pouco daquele medo natural que temos do inesperado. Outro passo é entendermos que aprender instiga a nossa curiosidade e ajuda a mudar a forma como encaramos o mundo. O processo de aprendizagem deve nos acompanhar ao longo da vida e não ter um determinado período para acontecer. Ele pode ser amplo, diversificado e desconectado da sala de aula. Os cursos tradicionais são relevantes porque muitas vezes aprendemos mais na troca com os colegas de turma do que com o conteúdo.
Ainda mais hoje, em que a interação foi potencializada pelos canais digitais e a troca de experiências não fica restrita ao horário da aula. Você se interessa por novas ideias e descarta conceitos obsoletos, é um ciclo. Ao encarar o cotidiano com essa nova percepção, aprender torna-se mais natural e um exercício que passa a fazer parte das relações interpessoais. Aprendemos com os nossos colegas de trabalho, fornecedores, clientes, amigos e familiares.
Todos são capazes de nos ensinar e nenhum conhecimento é em vão. Porém, em tempos de canais digitais, o aprender também exigirá uma curadoria de valor para selecionar conteúdo relevante em meio à imensidão de informação sem embasamento ou pouco objetiva disponível. O caminho é buscar fontes confiáveis – seja um profissional com uma trajetória reconhecida ou um especialista com experiência comprovada em determinado assunto.
Segundo o matemático e filósofo francês Blaise Pascal, o aumento do conhecimento é como uma esfera dilatando-se: quanto maior a nossa compreensão, maior o nosso contato com o desconhecido. Ou seja, quanto mais sabemos, mais nos damos conta de quanto ainda há para aprender. E, em um mundo que se transforma tão rapidamente, isso pode ser assustador ou estimulante. Eu escolho a segunda opção.
Ao longo da minha carreira como executivo e empreendedor, busco aprender o tempo todo e sempre fico feliz quando tenho a oportunidade de estar em contato com o novo e de me reinventar. O meu conhecimento veio de diversas fontes – livros, cursos, viagens -, mas principalmente de quem está comigo no dia a dia, dividindo experiências e fazendo o diferente.
Estar disposto a mudar a minha forma de pensar quantas vezes for necessário foi o jeito que encontrei para trilhar a minha trajetória nos negócios e na vida pessoal. Se tudo muda muito rápido e o tempo todo, ser capaz de aprender e se reinventar é mais do que diferencial competitivo, é a única forma de se manter relevante.
(*) – É presidente da ao³.