Lélio Braga Calhau (*)
Na vida, pouco aprendemos sobre como lidar com o dinheiro. Na escola, esse assunto não é abordado com a importância que deveria ter.
Em casa, para alguns é tabu e para outros não é de extrema importância refletir sobre isso e planejar o futuro. No entanto, seria interessante, desde cedo, já ensinar aos pequenos não só a importância de se economizar, mas também de se utilizar o dinheiro de forma sustentável ao longo do tempo. Se a criança só aprender a economizar, ela corre o risco de achar que o dinheiro só existe pra isso, e poderá ter um comportamento socialmente ruim na vida adulta que o leve à avareza, inclusive, sem que aproveite melhor suas potencialidades.
A crise econômica atual pegou muita gente de surpresa, embora esperássemos que ela fosse acontecer em algum momento. Os movimento econômicos costumam ser cíclicos. Uma hora a economia vai bem e na outra vai mal, e isso vem se repetindo há muito tempo. No entanto poucas pessoas sabem disso, porque não apreendem a acompanhar e entender os ciclos econômicos.
Nesse contexto, a grande maioria das pessoas está endividada, segundo a Confederação Nacional do Comercio mais de 60% da população. Isso porque não possuem ativos para vender ou reservas de emergência. Sinceramente eu não esperava outro resultado. Nos anos de bonança que antecederam a crise, muitos consumidores, embalados por “vendedores de sonhos” profissionais, compraram eletrônicos, automóveis mais caros sem pensar no valor final da dívida. Aumentaram os gatos com o cartão de crédito e quando a “música da festa parou”, ficaram sem lugar para se sentarem. O resultado dessa “lambança financeira” está aí e é conhecido por todos nós.
O adágio popular “enquanto uns choram, outros vendem lenços” confirma a necessidade de cada um de nós buscar, pelo seu próprio esforço, investir a todo tempo na nossa educação financeira. Enquanto, os endividados passam dificuldades terríveis, os que juntaram reservas nos tempos de bonança aproveitam as oportunidades e fazem excelentes negócios, comprando ativos, como imóveis bem localizados, com preços bem inferiores ou até fazendo excelentes investimentos em renda fixa com juros reais muito elevados (situação praticamente inexistente nos países desenvolvidos, onde os juros reais são próximos à zero).
Algumas empresas sólidas estão com preços baixíssimos na Bolsa de Valores. A maioria dos investidores vende e uma minoria compra. Bem, só há possibilidade de se negociar na bolsa se houver pessoas nos dois lados. Se a maioria está vendendo e os preços estão lá embaixo, quem, então, está comprando? São os “vendedores de lenços” que fizeram reservas no período de bonança da economia e agora estão comprando “empresas de valor”.
Quem buscou educação financeira, aplica o dinheiro em investimentos mais rentáveis, que dão mais retorno que os produtos mais comuns para a grande maioria da população e trocam a caderneta de poupança por títulos do tesouro direto, por exemplo. Quem tem educação financeira, quando o gerente do banco faz aquela proposta péssima de aquisição do título de capitalização, sorri e agradece. Ele não cai em propostas ruins ou compra produtos financeiros péssimos. Sobrou mais dinheiro? Ele aplica em produtos financeiros que trabalharão melhor para ele ao longo do tempo.
Então, não acredite em milagres! Invista no seu próprio conhecimento a partir de agora. Há materiais fantásticos e gratuitos sobre educação financeira na internet. Basta você decidir que quer crescer e investir sua energia nisso. Não entregue seu dinheiro fácil para gente gananciosa que está do outro lado do balcão e não tem o mínimo interesse em agir com reciprocidade. Invista em você, melhore suas competências financeiras, defenda seus direitos do consumidor, e seu patrimônio junto.
Busque o seu crescimento pessoal: seu futuro vai agradecer!
(*) – É Promotor de Justiça do MP-MG. Graduado em Psicologia pela Univale, é Mestre em Direito do Estado e Cidadania pela UFG-RJ, palestrante e Coordenador do site (www.educacaofinanceiraparatodos.com).