Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
Novamente caímos no ajuste fiscal, com o corte de gastos resultante da forma irresponsável como os gestores administram as finanças públicas
Não se trata apenas da chamada “responsabilidade fiscal”, mas da responsabilidade humana. Quem está no comando precisa definir objetivos que fortaleçam o país, sua economia e sua população. Em vez disso agem como se fossem reizinhos, que detonam todas as contas como se não existisse a hora da verdade.
Desconhecedor das forças atuantes, o governo, com suas ideias fora da realidade, toma decisões nefastas. Um país se governa com bom senso e equilíbrio nas contas, visando sempre a melhora das condições gerais de vida. Querer introduzir ideias comunistas dá nesse disparate que os especuladores sabem muito bem como é: levar vantagem e deixar a ruína para a população despreparada e indolente.
O governo não deveria se envolver em negócios, mas com o advento da civilização do dinheiro, tudo se foi mesclando, e os socialistas se apressam em culpar o capitalismo pelo aumento da miséria. Mas o que é capitalismo? Um sistema que possibilitou a transferência do poder, que por muitos séculos permaneceu nas mãos da Igreja, e depois passou para as mãos dos detentores de dinheiro. No entanto, por trás sempre estão os próprios seres humanos. A espiritualidade, que já era fracamente cultivada, perdeu terreno de vez; o materialismo domina com seu egoísmo, sede de poder e vaidades. Os governos se tornaram submissos à nova fonte de poder e com isso todos terão de arcar com as consequências de seus atos.
A humanidade tem se deixado derrotar desde longa data, quando teve início o processo de afastamento da espiritualidade, passando o homem a criar normas de vida fora da naturalidade, desconectadas com o saber da Criação e do significado da vida. Usam-se paliativos para ajustar as consequências das ações. Desconhecem-se as causas. Falta a visão do real significado da vida. Falta consideração e respeito. Vida vazia sem conteúdo. Manipulação pelas imagens. Mais de meio século de progressão da violência cada vez mais embrutecida nas telas e na vida real.
É sempre importante refletir sobre a situação dos jovens, desanimados, com pouca esperança no homem e no futuro. Precisam receber motivação certa. Falta-lhes a visão do significado maior da vida e muito bom senso para construir um país digno. Necessitamos de muita força para impedir que o Brasil decaia no caos econômico e social. Desde longa data o homem vem se afastando da naturalidade. O viver perdeu sentido. O homem se tornou um estranho na Criação que adentra numa fase de inexorável transformação. Há os que se julgam detentores do poder e lançam projetos tendentes a desumanizar ainda mais o ser humano, afastando-o de sua essência espiritual.
O respeito e a consideração devem ser gerais. A riqueza vem da natureza. Todos precisam ter um trabalho condigno que lhes assegure o autossustento e a evolução pelo esforço próprio. A estruturação do dinheiro de forma independente da produção real possibilitou manobras escusas para o seu acúmulo tendente a aumentar o poder dos seus detentores, fortalecendo a moral materialista. Vale-se pelo que se tem. Há uma avalanche de pensamentos negativos.
Em tudo se observa a vacuidade, a falta de propósitos mais elevados para a vida, e com isso a humanidade vai decaindo e assim chegamos onde estamos. A tendência geral é desanimadora. Diante da atual situação do planeta, com seus desequilíbrios ambientais, econômicos e sociais, muitos jovens começam a perceber que além dos prazeres, do consumismo e do dinheiro, há algo muito importante para ser vivenciado.
A eles pertence o futuro e necessitam adquirir o movimento certo para uma forma de vida sadia e alegre, indispensável ao fortalecimento da harmonia, e para se manterem despertos e motivados.
(*) – Graduado pela FEA/USP, realiza palestras sobre qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). Autor dos livros: Conversando com o homem sábio; Nola – o manuscrito que abalou o mundo; O segredo de Darwin; e 2012…e depois? ([email protected]).