Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
Em recente discurso na ONU, o presidente norte-americano Trump, criador da frase “América na frente”, recomendou: “Vocês, líderes de seus países, também devem sempre colocar suas nações à frente”.
Mas, em Brasília a classe política tem colocado à frente o próprio bolso. Vale lembrar que nos tempo do império, os cafeicultores reagiram negativamente à lei Áurea e puxaram a cadeira da princesa Isabel. Mas não fizeram nenhum projeto de desenvolvimento de longo prazo. As consequências desse modo de agir e de pensar que se mantém até hoje é a estagnação e a fraqueza do mercado interno que não têm sido combatidas com a mesma força que se combate a inflação. Juros elevados e câmbio valorizado têm sido constantes na frágil economia brasileira.
Quando a economia vai devagar, os preços estabilizam e caem, mas tão logo haja uma reativação, colocando um pouco de dinheiro nas mãos da população, logo os preços sobem porque a produção não acompanha. Ainda não chegamos ao nível dos norte-americanos, japoneses e outros que visam progresso e aprimoramento de sua população. Falta autoconsciência.
Nas crises, fala-se em aumentar a produção e a produtividade, mas não se diz como fazer isso com a concorrência externa provocada pela globalização, com o câmbio desalinhado, com taxa de juros acima do mercado, com mão de obra atrasada. O gasto com pessoal extrapolou, permitindo o benefício de uma casta privilegiada. Há muitos fatores que travaram o Brasil e que caem no esquecimento.
Agora, em função do descontrole da dívida pública, o olhar se volta para as variáveis do funcionalismo e da previdência mal gerida por décadas, que evidentemente exigem ajustes, mas não podemos atribuir toda a culpa pela recessão e atraso do país a isso. Pais e professores lidam com o preparo dos jovens. Mas não basta ensinar a ler, e escrever. Precisamos de metas que tenham como prioridade o aprimoramento e o bem da nação, pois sem isso a decadência prosseguirá.
Os jovens precisam aprender a pensar com clareza e adquirir raciocínio lúcido, porém, devem estar motivados para a busca do aprimoramento e da melhora geral das condições de vida no planeta, que agora, além das disparidades econômicas, também enfrenta furacões, terremotos e alterações estranhas nos oceanos, mostrando como somos insignificantes diante da força da natureza.
Os pequenos reis da Terra são ridículos com a sua arrogância, no entanto são muito perigosos, pois se utilizam de forma errada da capacitação de resolução inerente ao ser humano que deveria se adaptar ao ritmo da vida para ter uma proveitosa estada na sua passagem transitória pelo planeta. A Terra poderia ser um paraíso de boa convivência e aprendizado, mas estamos perdendo a esperança de melhora na convivência e nas condições gerais.
As alterações do clima estão em andamento. Tudo influencia: destruição das florestas, poluição do ar, rios e mares. Nosso planeta foi dotado de ricos mananciais de água pura e cristalina; cabia ao ser humano compreender como funcionam a natureza e suas leis e edificar em cima disso; mas quis dominar, impor seus desejos e cobiças e deu nisso: escassez, impurezas e contaminação de efeitos ainda desconhecidos.
O uso do dom de falar deveria ser simples, claro e construtivo. Com sua capacitação, os homens têm empregado as palavras para acobertar suas cobiças. Grupos se digladiam pelo poder, mas a população indolente vai sendo marginalizada, empurrada para as ladeiras da decadência. Enquanto a humanidade não cultivar a verdade e a autenticidade, miséria e sofrimento estarão na sua trajetória.
(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). E-mail: ([email protected]).