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A importância dos dados no engajamento interno nas empresas

em Opinião
sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Sabrina Capozzi (*)

Quantas vezes já participei de reuniões em que todos estavam falando sobre problemas e possíveis soluções, mas, no final, a sensação era de que nada concreto havia sido decidido?

Essa experiência tão comum me fez refletir sobre a importância de um elemento muitas vezes subestimado: os dados. Pode parecer que tratam-se de números frios, mas eles têm o poder de transformar opiniões e percepções subjetivas em ações concretas e mensuráveis. Vou contar como uma cultura orientada a dados pode aumentar o engajamento interno nas empresas e melhorar os resultados de forma mensurável.

Hoje é comum ouvir “decisões baseadas em dados” ou “marcas orientadas por dados”. Mas geralmente essas práticas são aplicadas para direcionar estratégias de marketing. E muitas vezes é negligenciado o potencial dos dados para transformar a gestão interna das empresas, sendo utilizado apenas para o cliente externo.

O uso destes elementos na gestão do dia a dia corporativo pode impulsionar o engajamento. Com informações concretas, as discussões deixam de ser baseadas em opiniões e passam a ser fundamentadas em fatos. Saber que as ações serão medidas com precisão aumenta a responsabilidade e o comprometimento com as metas. Isso auxilia a tornar os problemas visíveis, fazendo com que os responsáveis não só identifiquem áreas de melhoria, mas também incentivem a ação. Quando as pessoas têm acesso a referências claras sobre seu desempenho e o impacto de suas ações, elas se sentem mais motivadas a melhorar, alimentando um círculo virtuoso.

Um estudo feito pela Deloitte mostrou que empresas que utilizam dados para gerenciar o engajamento dos funcionários têm 21% mais produtividade do que aquelas que não o fazem. Além disso,relatório da Gallup destaca que organizações com alto engajamento interno têm 41% menos absenteísmo e 59% menos rotatividade de pessoal.

No entanto, a escolha dos indicadores é tão importante quanto a decisão de orientar a gestão por meio de dados. Essa decisão deve ser feita levando-se em consideração diversos fatores, especialmente aqueles que definem a cultura da empresa. Por exemplo, em uma organização em que o fator cultural predominante é foco nas pessoas, pode-se considerar a adoção de tecnologias que ofereçam diversas métricas de desempenho individual e coletivo, para além da rotina de trabalho. Ferramentas como o Strava e o Apple Watch, originalmente destinadas ao monitoramento de atividades físicas, podem inspirar a criação de sistemas internos que acompanhem o desempenho das pessoas de maneira similar. A mensuração de horas de sono, níveis de atividade física e recuperação, entre outros, pode funcionar como composição para avaliar a produtividade ou a satisfação no trabalho.

Aqui na FutureBrand – ao implementar um dash com diversos indicadores mensurando e correlacionando nossa performance financeira, comercial, relação com clientes, desempenho em reputação e satisfação interna – percebemos que saímos da busca por problemas e passamos a concentrar esforços na implementação de planos de ação.

Um ponto crucial para que esse sistema funcione é a comunicação clara, que afeta diretamente o senso de produtividade e pertencimento. Quando as pessoas sabem o que precisa ser feito e como isso impacta os resultados do negócio elas se sentem empoderadas, o que aumenta sua satisfação e comprometimento.

Em um artigo da Harvard Business Review, os autores discutem que a transparência dos dados e o alinhamento dos objetivos são cruciais para o sucesso organizacional. Eles destacam que corporações que conseguem alinhar as expectativas das pessoas com os objetivos organizacionais obtêm melhores resultados financeiros e um ambiente de trabalho mais harmonioso.

Portanto, se você está buscando imprimir na sua empresa uma gestão interna mais pragmática e também mais engajadora, será preciso abraçar os dados como um componente essencial do dia a dia organizacional. Ao fazê-lo, você transformará não apenas os processos, mas também as pessoas, conduzindo a organização a um novo patamar de sucesso e satisfação.

(*) Diretora e Sócia na FutureBrand, ecossistema multiespecialista em gestão de marca, cultura e negócio. Com 14 anos de experiência em branding e comunicação, passou por grandes empresas como Santander e Shell. Nesta última, foi responsável pela gestão da marca no Brasil, pesquisa e insights, comunicação e pelo desenvolvimento de estratégias para aplicar a sustentabilidade na experiência do consumidor de postos. Já foi responsável por projetos de marcas como Casas Bahia, Sicredi e outras.