Maíra Lira Oliveira (*)
Já faz alguns anos que as discussões sobre diversidade, equidade e inclusão e o papel que eles possuem no crescimento dos negócios passaram a fazer parte do dia a dia das empresas globalmente.
Porém, apesar de uma maior conscientização sobre a importância do tema, ainda há muito espaço para melhorarmos sua valorização e priorização internamente.
De acordo com a pesquisa Tendências de Gestão de Pessoas 2024, realizada pelo Great Place to Work (GPTW), a Diversidade e Inclusão continua sendo uma agenda estratégica para 66,8% das pessoas. Entretanto, o assunto segue em queda na lista de “Prioridades de Gestão de Pessoas”.
Isso porque há um enorme desafio para as companhias relacionado à maturidade, visto que boa parte delas não trata dessas questões rotineiramente e não foca seus esforços na criação de iniciativas nesse sentido. Mas, vale destacar que conectar Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) aos negócios é uma estratégia que vai muito além do cumprimento de responsabilidades sociais e de ser uma ação para melhorar a imagem da marca, pois, quando bem-feita, traz outras vantagens valiosas e posiciona a empresa de forma competitiva no mercado.
Um desses benefícios é que as empresas passam a fomentar um ambiente de trabalho mais inovador, que valoriza diferentes perspectivas, culturas e experiências. Temos vários exemplos de como a diversidade de ideias, experiências e conhecimentos abre portas e ajuda a resolver problemas de maneira mais criativa e rápida, permitindo que as organizações acompanhem as tendências e mudanças do mercado.
Os esforços voltados para a inclusão incentivam que os colaboradores sejam ouvidos e possam contribuir verdadeiramente com a solução de problemas, criação de ideias e tomada de decisão, o que ajuda a aumentar o engajamento e reter talentos. Já a equidade garante que todos tenham acesso às mesmas oportunidades de crescimento e desenvolvimento dentro da empresa, independentemente de raça, gênero, orientação sexual ou origem social.
Ao integrar todos esses pontos, as empresas conseguem melhorar seus processos internos, oferecer um local de trabalho mais leve e respeitoso, aumentar a satisfação dos colaboradores e melhorar significativamente sua performance – o que contribui para o desenvolvimento dos negócios e, consequentemente, traz mais lucros.
Além do impacto interno, as iniciativas de DE&I também influenciam positivamente a reputação das companhias no mercado – e sabemos que hoje em dia os consumidores se atentam a isso, como mostram dados da pesquisa Iniciativas Empresariais de Diversidade: a Visão dos Consumidores, encomendada pela B3, que apontam que 81% deles estão dispostos a dar preferência às marcas que incentivam a diversidade. Da mesma forma, ações negativas das companhias tem a possibilidade de atingir diretamente os negócios das empresas gerando perdas do valor de marca, destruição de reputação e rejeição dos consumidores.
É fundamental que os líderes se atentem a essa pauta e incentivem mudanças na cultura organizacional, abrindo caminho para uma nova geração de talentos que valoriza ambientes inclusivos e diversos. Também é importante destacar que as práticas de DE&I não se restringem ao ambiente interno da empresa. Elas podem e devem ser aplicadas na relação com fornecedores, clientes e parceiros de negócios.
Ainda que muitas empresas tenham dificuldade em transformar suas práticas e estruturas tradicionais já estabelecidas para adotar políticas de inclusão, mais do que nunca é preciso superar essas barreiras. Seja por meio de programas de conscientização e treinamentos focados em promover uma mudança de mentalidade em todos os níveis da organização, esse processo precisa ser feito, tanto pelo bem dos negócios como da sociedade como um todo, ajudando na construção de ambientes corporativos verdadeiramente inclusivos e positivos.
(*) Head Legal & Compliance para América Latina e líder do Comitê de Diversidade, Equidade e Inclusão da Corning, uma das líderes mundiais em inovação da ciência de materiais que desenvolve produtos para as áreas de comunicações ópticas, eletrônicos móveis de consumo, tecnologias para displays, automóveis e ciências da vida.