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A geração empreendedora por natureza

em Opinião
segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Cristiano Mendes (*)

Com acesso quase ilimitado a informação e fluência tecnológica, a geração Y não encara o empreendedorismo como um bicho de sete cabeças.

Não é de hoje que as empresas demonstram preocupação com a geração Y no mercado de trabalho. Com forte influência da tecnologia, essa geração, que também é conhecida como “Millennials” e está cada vez mais presente nos escritórios, tem um perfil diferente, às vezes até desafiador. O levantamento “The Deloitte Millennial Survey 2016” feito pela Deloitte revelou que 2 em cada 3 jovens da geração Y consideram abandonar seu emprego atual para fazer algo diferente até 2020.

Isso se deve, em parte, ao contexto socioeconômico em que eles cresceram: o contato muito próximo com a tecnologia e fácil acesso à informação, por exemplo, ajudaram a construir uma geração que entende as oportunidades da Internet, tem acesso praticamente ilimitado a informação e busca propósito em tudo o que faz, muito além de construir uma carreira em grandes empresas tradicionais.

Para tentar se beneficiar desse novo perfil de trabalhador, o mercado de trabalho deve tentar se preparar para receber essa nova geração, e adaptar-se a novos padrões e preferências, inclusive acompanhando a evolução tecnológica. Candidatos da geração Y podem trazer inovação para as empresas e, hoje, eles querem ser conquistados pelas companhias contratantes, pois sabem que buscam dinamismo, flexibilidade e satisfação, além de entender que também têm poder de atração com seu pensamento rápido, conhecimentos avançados em tecnologia e ideias fora da caixa.

Por isso, estruturas organizacionais tradicionais já não são mais tão atraentes: os jovens candidatos buscam um ambiente de trabalho dinâmico, com horários flexíveis e qualidade de vida. Uma opção atraente para a geração Y são as empresas menores, onde eles encontram menos burocracia, muitas vezes mais dinamicidade, clima menos competitivo e superficial e acesso direto aos diretores e decisores, tornando possível a eventual participação nos processos de crescimento e desenvolvimento do negócio.

Porém, como esses jovens não sentem a necessidade de fazer carreira, eles buscam criar mais e contribuir para a sociedade, pois são empreendedores por natureza. De acordo com a pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor), realizada em 2015 e patrocinada pelo Sebrae, no ano passado a taxa de empreendedorismo no Brasil foi de 39,3%, o maior dos últimos 14 anos, o que indica que existe uma vontade de empreender somada ao fato de as barreiras para isso estarem menores, graças às facilidades da Internet.

A geração Y cresceu rodeada pelas mídias sociais e tecnologia e, muitas vezes algo que começou como uma brincadeira, como um Blog ou Canal no YouTube, se tornou sua fonte de renda principal, unindo trabalho e lazer. Para eles, começar um novo negócio online não é um bicho de sete cabeças e muitas vezes requer baixo investimento inicial.

Com os avanços tecnológicos, a geração Y sabe que não depende do emprego tradicional e da carteira assinada, e sente que tem liberdade para sair e começar seu próprio negócio a qualquer momento, por isso, assim que sentem que aprenderam o que podiam e não estão mais satisfeitos com sua posição profissional, eles vão desbravar o mundo do empreendedorismo.

Por isso, as empresas devem tentar adaptar suas culturas organizacionais para receber esses novos profissionais que têm o potencial de alterar radicalmente a forma como negócios são feitos, as relações de trabalho e os serviços e produtos oferecidos a sociedade inaugurando uma era mais criativa, compartilhada, flexível e inovadora.

(*) – É diretor de Business Development para América Latina da GoDaddy, maior plataforma de cloud dedicada a pequenos negócios e empreendimentos independentes (www.GoDaddy.com).