Vinicius Marchese (*)
Com as pessoas e os negócios cada vez mais ligados virtualmente, a conectividade segue disparada entre as principais tendências nas projeções para este ano.
No Brasil, o contexto é mais do que propenso para isso. Uma pesquisa realizada pela empresa NordVPN, que entrevistou internautas brasileiros, revelou que 36% deles sequer imaginam a vida sem internet. A recente implementação do 5G no país, iniciada no ano passado, faz com que a expectativa para o cenário da digitalização continue se propagando.
Atualmente, apenas as capitais contam com o sinal puro de dados móveis, mas isso já rendeu ao Brasil um lugar entre os 10 países com o 5G mais rápido. De acordo com os dados da Speedtest, a média mundial no ranking de velocidade de download é de 168 Mbps e a nova frequência brasileira já se mostrou superior, alcançando mais de 300 Mbps.
O resultado da presença amplificada nas redes tem impacto nas tecnologias que são desenvolvidas para esses ambientes onde a experiência, a inovação e a eficiência são os principais objetivos a serem alcançados.
Diante disso, a inteligência artificial aberta, com automação e aprendizado de máquina, e a computação com aplicação de noções biológicas, como a tentativa de alcançar o mesmo funcionamento das reações químicas e genéticas do corpo humano no espaço virtual, são as grandes previsões para o futuro da área tecnológica. Fora internet das coisas, metaverso e realidade aumentada, que continuam a se consolidar.
As vidas digital e real estarão totalmente integradas, confundindo-se uma à outra, com interfaces cada vez mais próximas do natural, replicando as características pessoais e extrapolando as limitações humanas. A ideia é estarmos mais imersos em dados e relações computacionais, usufruindo desses recursos para resolver os problemas que não conseguimos (ou que seriam mais difíceis de lidar) apenas com nossas capacidades manuais e intelectuais.
O que vale também para as práticas verdes e sustentáveis. Afinal, o desenvolvimento eficiente e responsável também deve ter esse cuidado com a proteção ambiental.
Para isso, serão necessários fortes investimentos que possam subsidiar esses avanços, especialmente nas telecomunicações e no poder público. A legislação pode fomentar isso, amparando juridicamente o crescimento tecnológico, a compra de produtos e soluções e a própria inserção de novas tecnologias na sociedade, a exemplo do 5G.
Apesar de estar no ranking de velocidade da tecnologia, o Brasil iniciou sua jornada com a nova frequência somente depois de um longo leilão, e ainda projeta a expansão para cidades com populações de 500 mil habitantes, enquanto outras nações já falam em 6G, promovendo uma verdadeira corrida para a liberação do sinal.
Isso demonstra a urgência do tema e a importância da conectividade e da atualização tecnológica para o desenvolvimento socioeconômico. Se o mercado evolui ao ponto de criar tantas inovações e soluções inteligentes e hiperconectadas, por que ainda não temos esses serviços e facilitações em nossas cidades?
(*) – É engenheiro de telecomunicações e presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP).