Leandro Alvarenga (*)
Em uma época de grande transformação digital, o setor audiovisual tornou-se uma das principais ferramentas para a comunicação eficaz de pessoas e organizações, já que está diretamente ligado ao modo em como a sociedade cria e consome conteúdo. Em meio à pandemia, o cenário e as perspectivas para o setor audiovisual no Brasil mudaram radicalmente.
Isso ocorre porque durante o isolamento social os vídeos se tornaram tanto escapatória de entretenimento, quanto uma forma de interlocução e conexão entre empresas e seus colaboradores, além de método de educação. Porém, antes de chegar a esse estágio, a trajetória foi bem complexa – principalmente no início da crise.
Vimos nos primeiros meses o setor sofrer com as paralisações de todos os projetos, principalmente as produtoras de conteúdo, sobretudo na parte de gravações externas, por depender exclusivamente de fornecedores, funcionários e toda a equipe de produção juntos nessa área. Esse cenário, em específico, continua complicado devido ao isolamento social.
Produtoras que não possuem outros meios para realizar suas produções foram deixadas de lado quando tudo passou a ser online. Se não houvesse um plano B para novas fontes de renda dentro da empresa, dificilmente ela conseguiria se manter. Foi preciso uma reinvenção desse nicho para garantir a sobrevivência. A automação da Inteligência Artificial (IA) e a direção remota foram algumas das ferramentas encontradas e que acabaram se transformando em um novo modelo de negócios.
O investimento em animação e tecnologia também se tornou essencial. A importância da produção audiovisual para o mercado neste momento nunca foi tão fundamental, sobretudo na comunicação interna e endomarketing da maioria das empresas. Por precisarem manter um fluxo de conteúdo contínuo em campanhas, anúncios internos e externos, estratégias, entre outros motivos – agora de forma virtual – essas organizações passaram a demandar cada vez mais esse tipo de comunicação em formato de vídeo e isso aumentou muito o volume de produções audiovisuais.
Com as grandes mudanças na utilização da tecnologia nessa área já era previsível que todo tipo de conteúdo iria começar a chegar em boa parte como audiovisual, muito mais que em forma de texto. Entretanto, isso traz um outro problema: como se destacar no meio de tanto conteúdo? O algoritmo das plataformas de streaming ou de vídeos levam o usuário a consumir inúmeras coisas dos mais diversos temas, que acabam se tornando interessantes em algum momento.
Então, o destaque desse material está diretamente vinculado com quem conseguir criar bons conteúdos aliados à tecnologia. Hoje, apenas produzir bons materiais não rende o suficiente, pois boa parte deles podem ficar perdidos em meio a tantas outras opções, correndo o risco de não se destacar. Isso leva a outros players, principalmente os de tecnologia, que podem brigar nesse mercado.
A verdade é que o mercado abriu um leque maior de oportunidades, até para aqueles que não possuem um background relevante de cinema ou de TV, mas dispõem de ferramentas tecnológicas capazes de sobrepor a qualidade da produção audiovisual – tornando-a algo secundária. Certamente essa é uma tendência para ficarmos de olho. O cenário é desafiador e a competição no mercado audiovisual deve acirrar ainda mais. Na luta pela sobrevivência, as empresas que oferecem um produto inovador, de qualidade, e com um preço acessível, sairão na frente.
(*) – É CEO da produtora audiovisual Prime Arte (www.primearte.com).