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A nova onda de gestão de dados sustentáveis no ESG

em Negócios
sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Rafael Lategahn (*)

A agenda ESG (Ambiental, Social e Governança Corporativa, em português) tem gerado uma mudança de pensamento nas áreas estratégicas de companhias de diversos setores, incluindo as empresas de tecnologia. Se antes o Big Data era uma tendência para o impulso à transformação digital, hoje, o Small Data ganha seu protagonismo como a chave para ligar a gestão de dados às questões de Governança Corporativa e Ambiental.

Vimos as empresas de TI mostrarem ao mercado a riqueza por trás dos dados, que passaram a ser considerados o novo petróleo na economia. Mas, mesmo nessa área digital, eles têm características poluentes. Por exemplo, para uma empresa conseguir ser ESG, ela precisa de informações que irão ajudá-la a entender seus desafios para se tornar mais sustentável.

Assim, é necessário conhecer todo seu processo, do início ao fim, e isso só é possível com a coleta de dados. À medida que essas informações são reunidas, será necessário o uso de mais energia e máquinas para processá-las e armazená-las, desencadeando, de certa forma, um impacto ambiental. A saída para reduzir este efeito é aplicar a gestão desses dados, ou seja, por onde e quem acessa, qual funcionalidade, como governar, qual a validade, entre outras particularidades que desencadeiam na Governança Corporativa – o G do ESG.

Essa medida promoverá o entendimento sobre quais informações fazem sentido para o negócio e devem ser armazenados. Consequentemente, esse volume será reduzido. Então, pensando na questão ambiental, quando as empresas valorizam o Small Data, elas estão trabalhando seus dados de forma sustentável. Uma empresa de saneamento, por exemplo, que deseja entender qual o seu impacto no meio ambiente, obrigatoriamente vai precisar analisar os dados vindos dos seus sistemas de distribuição e coleta para entender os pontos nos quais existe a perda de água, um impacto ambiental ainda mais abrangente.

Envolvendo inúmeras fases, que vai da captação, passando pela adução de água, tratamento, coleta, reserva e até a distribuição. Ou seja, muitos dados são gerados, mas, com o objetivo de que sejam armazenadas somente as informações necessárias para o seu core business, é preciso adotar uma camada de governança no processo.

Nesse sentido, a jornada ESG envolverá não apenas o impacto ambiental (E) do seu principal negócio – saneamento, que certamente é maior, como também reduzirá o efeito negativo do ponto de vista do uso demasiado de energia para processamento dos dados por meio da adoção da governança (G). Além disso, as empresas que conseguem governar seus dados, respeitando a privacidade e a propriedade, estarão no caminho da conformidade em relação às exigências da LGPD.

No mundo dos negócios, se tornar uma empresa atrativa tanto na captura de investimentos, como na busca por créditos mais acessíveis, pode ser o primeiro empenho das organizações nessa jornada ESG. Mas é inquestionável o valor dessa mudança de pensamento para que os resultados sejam sentidos no âmbito socioambiental. Afinal, a organização que ainda não tem essa motivação já é considerada ultrapassada.

(*) – É diretor da área de Digital Business da Engineering, companhia global de Tecnologia da Informação e consultoria especializada em Transformação Digital (www.engdb.com.br).