Tiago Piassum (*)
A ascensão da tokenização está redefinindo o futuro das finanças. O crescimento do blockchain, combinado com um ambiente regulatório mais favorável, impulsiona o modelo, que já está sendo aplicado em grandes instituições financeiras.
De acordo com o World Economic Forum, até 2027, cerca de 10% do PIB mundial poderá ser armazenado em blockchains, e novas tecnologias promovem ainda mais o crescimento da plataforma. O avanço de tecnologias como inteligência artificial (IA) e machine learning promete transformar ainda mais o setor financeiro, melhorando a avaliação de riscos, a agilidade de operações e a eficiência das transações.
A tokenização traz novas possibilidades para a gestão e negociação de ativos no setor financeiro. O processo permite transformar ativos físicos e financeiros em tokens digitais, representados digitalmente em uma blockchain. Os contratos inteligentes são programados para automatizar as transações e garantir que todas as condições acordadas sejam cumpridas, trazendo transparência e eficiência ao processo.
Esses contratos executam automaticamente condições preestabelecidas, como transferências de propriedade e pagamentos, quando os critérios definidos são atendidos. Após a emissão, os tokens podem ser negociados livremente no mercado secundário, com a blockchain garantindo que todas as transações sejam registradas de forma imutável. Segundo um relatório da Boston Consulting Group (BCG), a tokenização pode desbloquear até US$16 trilhões em ativos ilíquidos até 2030.
Espera-se que mais instituições financeiras e plataformas de investimento adotem essa tecnologia, ampliando o acesso a oportunidades de financiamento e tornando o mercado mais amplo. A tokenização não apenas redefine ativos e operações no universo financeiro, mas também molda um novo futuro para a economia global, onde a agilidade, diversidade e inovação são as verdadeiras moedas de valor.
No âmbito do crédito privado, a tokenização facilita a securitização de recebíveis, permitindo que pequenas e médias empresas acessem capital de forma mais eficiente, reduzindo a dependência de intermediários financeiros tradicionais e facilitando o acesso ao crédito. Além disso, oferece aos investidores novas oportunidades de diversificação, com acesso a produtos de crédito previamente restritos a grandes instituições.
Aliado ao processo de tokenização, a utilização de contratos inteligentes está se expandindo, oferecendo soluções automatizadas e reduzindo os custos operacionais. A tokenização de Ativos do Mundo Real (AMRs) está ganhando destaque, principalmente pela possibilidade de fracionar a propriedade e facilitar o acesso ao investimento em ativos tradicionalmente inacessíveis.
Um exemplo prático dessa transformação ocorreu recentemente com a primeira aquisição de um ativo imobiliário no Brasil utilizando uma moeda digital, a D¥N, desenvolvida pela Dynasty Global AG. A transação, que envolveu o pagamento de 3.482 D¥N por uma fração de 19,3% de um prédio de salas comerciais em Porto Alegre, foi realizada em poucos minutos através da plataforma netspaces.
Essa transação destaca a eficiência do processo, que é realizado em tempo real, permitindo que o comprador receba a propriedade imediatamente após o pagamento. As novas soluções para a gestão de ativos do mundo real e do crédito privado apresentam inúmeras oportunidades, independente do tamanho do empreendimento.
Empresas e investidores que adotarem essa tecnologia estarão na vanguarda da próxima grande revolução financeira. À medida que a tokenização se torna uma prática comum, espera-se que ela não apenas impacta o mercado financeiro, mas também promova uma nova era de inovação, moldando um futuro onde a economia global com menos burocracia e mais eficiência.
(*) – ÉCEO e Founder da Rivool Finance (https://rivool.finance/).