Igor Meireles (*)
2025 será o ano de um dos maiores desafios fiscais da história recente do Brasil. A Reforma Tributária finalmente sai do papel, prometendo simplificar o complexo sistema fiscal do país. No entanto, a transição será tudo menos simples. Empresas enfrentarão a coexistência de dois sistemas tributários durante sete anos, o que exigirá uma adaptação estratégica para minimizar riscos e aproveitar oportunidades.
A proposta da Reforma é clara: reduzir a burocracia, melhorar a previsibilidade para investimentos e tornar o Brasil mais competitivo no mercado global. Para isso, tributos como PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS serão substituídos por dois novos impostos principais: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).
Esse novo modelo, embora simplifique a longo prazo, trará uma complexidade inicial significativa, exigindo ajustes operacionais, tecnológicos e financeiros das empresas. Como sua empresa pode se preparar para esse cenário?
O primeiro passo é entender que a reforma não impactará apenas os processos tributários. As mudanças terão reflexos diretos nas estruturas societárias, estratégias comerciais e até na logística. O diagnóstico tributário completo será a base para mapear os impactos, planejar ajustes e mitigar riscos.
Mais do que nunca, investir em tecnologia será um divisor de águas: sistemas de ERP atualizados, automação fiscal e ferramentas como RPA podem transformar o caos inicial em uma operação eficiente e em conformidade. A digitalização fiscal, aliás, será uma das maiores aliadas das empresas nessa transição.
Ferramentas de automação já permitem capturar e processar notas fiscais automaticamente, garantindo compliance e agilidade. Mas o futuro promete ainda mais. Com a reforma, espera-se maior integração entre sistemas empresariais e plataformas governamentais, eliminando erros manuais e fortalecendo a segurança fiscal.
Tecnologias como machine learning já estão sendo aplicadas para identificar inconsistências e fraudes, o que reforça a importância de estar à frente dessas inovações. No cenário global, as mudanças no sistema fiscal brasileiro estão alinhadas com tendências como a tributação digital e a adoção de impostos verdes.
Isso pode tornar o Brasil mais atrativo para investidores estrangeiros, desde que as empresas estejam preparadas para competir em um ambiente cada vez mais tecnológico e transparente. Empresas que negligenciarem essas mudanças correm o risco de perder espaço, enquanto concorrentes mais preparados capturam os benefícios desse novo cenário.
Capacitar equipes fiscais e contábeis é outra peça-chave para o sucesso na adaptação. Profissionais bem treinados serão capazes de aproveitar ao máximo as novas ferramentas digitais e garantir a aderência aos processos fiscais, reduzindo erros e aumentando a eficiência.
Essa preparação não é apenas uma vantagem competitiva, mas uma necessidade para operar em um sistema mais digital e conectado. A Reforma Tributária representa uma oportunidade única para transformar a gestão fiscal no Brasil. Mas, como toda grande mudança, ela exige esforço, planejamento e visão estratégica.
Empresas que se anteciparem às tendências, investirem em tecnologia e capacitarem suas equipes estarão melhor posicionadas para prosperar, não apenas no mercado interno, mas também no cenário global.
(*) – É sócio e responsável pelas áreas de Contábil e Tributário na Bernhoeft (https://www.bernhoeft.com.br/).